GRUPO BARRA FUNDA
Quando o samba de São Paulo dava seus primeiros passos, nos idos de 1914 e sofria toda a espécie de discriminação por parte das camadas sociais de maior poder aquisitivo e autoridades, os grupo carnavalescos da época, travaram verdadeiras batalhas para a conquista de seu espaço. O bairro da Barra Funda, tradicional da Zona Oeste de São Paulo, viu nascer naquele ano um grupo liderado por DIONISIO BARBOSA, os rapazes trajavam Camisas Verdes e Calças Brancas, ensaiavam e desfilavam pelas ruas do bairro. Era, portanto, o embrião que 39 anos mais tarde resultaria no Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Camisa Verde e Branco.
O grupo carnavalesco Barra Funda como foi batizado por Dionísio Barbosa, engrossaria fileiras na luta paulista por mais décadas. Em 1936, inexplicavelmente, o grupo não levou seu carnaval às ruas e nos anos seguintes também ano. Até que um novo sambista e guerreiro reagruparia anos depois os sambistas dispersos. O grupo sofreu alguns problemas no governo Vargas, por ser confundido com simpatizantes do Partido integralista de Plínio Salgado, por causa da cor da roupa. Com a decadência do Grupo, surge um movimento para reorganizá-lo e o principal idealizador foi Inocêncio Tobias, (o mulata) como era conhecido. No dia 04 de setembro de 1953, Inocêncio Tobias, fundava o cordão Mocidade Camisa Verde e Branco, tendo a Barra Funda como quartel general, iniciando então a uma carreira de glórias. Já na categoria de cordão, tornou-se campeão em seu primeiro desfile; desfile em 1954, com o enredo IV Centenário de São Paulo, e foi campeão novamente em 1968 - Treze de Maio e 1969 - Biografia do samba. Em 1972, por falta de concorrentes, passava para a categoria de escola de samba, ingressando no primeiro grupo do carnaval paulistano. Inaugura sua quadra de ensaios na Rua James Holland, 663 e, em 1974 inicia uma trajetória de sucessos conquistando um título inédito de Tetra campeão nos seguintes anos: 1974 - Uma certa nega fulô, 1975 - Tropicália, 1976 - Atlântida e suas chanchadas e 1977 - Narainã, a alvorada dos pássaros. Volta a ser campeã em 1979 com o enredo Almôndegas de Ouro.
Em 1980, o grande Mulata como era conhecido Sr. INOCÊNCIO TOBIAS, falece e seu filho Carlos Alberto Tobias assume o comando da AGREMIAÇÃO, seu filho Carlos Alberto Tobias apoiado por sua mãe Dona Sinhá, Cacilda Costa (Já nesta época portadora do título de Dama do Samba Paulistano), e sua companheira Magali dos Santos uma das mais tradicionais destaques do Camisa Verde, assim como tantos outros componentes assumem a Família Verde e Branco. Em 24 de fevereiro de 1988, falece a nossa Dama - Dona Sinhá, deixando muita tristeza no coração dos Verde e Branco. Dois anos depois vem outra grande perda. Em 15 de janeiro de 1990, perdemos o nosso querido Presidente Carlos Alberto Tobias, criador da Liga Independente das Escolas de samba de São Paulo. Consternação geral às vésperas do carnaval. Assume o comando da Agremiação, temporariamente, sua filha Simone Cristina Tobias. A Escola desfila sob forte emoção e muita garra. Passado o carnaval, a Escola se reestrutura e Magali dos Santos assume a Presidência, tendo, sua filha Simone como Vice Presidente, seu filho Marcelo (conhecido Alecrim) como Diretor Geral e Taluana como Secretária Geral.
Embora o preconceito tenha sido grande, Magali dos Santos, como diria seu falecido marido, segurou o refrão e em seu primeiro ano de presidência ganha seu primeiro campeonato (1990). Mas, como nada é perfeito, alguns diziam que ela só conseguiu o campeonato pelo fato de ter pegado o carnaval pela metade. Atualmente, Magali dos Santos prefere não responder com palavras aos que desacreditam da força de uma mulher guerreira. Prova disto foi mais uma outra conquista. Em 1991, primeiro carnaval que a Presidenta Magali dos Santos assume de ponta a ponta, e consegue seu segundo campeonato. Chega se ao Tri- Campeonato em 1991, pois havíamos sido consagrados campeões em 1989 - QUEM GASTA TUDO NUM DIA, NO OUTRO ASSOVIA, 1990 - DOS BARÕES DO CAFÉ A SARNEY, ONDE FOI QUE EU ERREI e 1991 COMBUSTÍVEL DA ILUSÃO. No ano seguinte viria o BI - TETRA CAMPEONATO, pois segundo opinião geral o Camisa Verde fez um desfile memorável.
CORDÃO
A tradição carnavalesca de São Paulo era o cordão. Havia algumas escolas de samba, porém (e sempre tem um, porém), os bambas da pesada eram os cordões. Camisa Verde e Branco (branco mesmo), Vai-Vai, Paulistano da Glória, Campos Elíseos, Som de Cristal eram todos famosos cordões. E o cordão paulista tinha batida diferente das escolas de samba, tinha outras figuras e outras mumunhas. Eu disse "tinha". Porque, que eu saiba, não existe mais nenhum cordão em São Paulo. Os que não acabaram de vez se transformaram em escolas de samba. Como é o caso do Vai-Vai e do Camisa Verde e Branco, que foram os que mais resistiram, antes de se transformarem em escolas de samba. E o fim dos cordões, sem dúvida nenhuma, se deve ao elitismo, ao paternalismo das autoridades que, quando resolvem incrementar algumas manifestações espontâneas do povo, mesmo quando estão bem intencionadas, só atrapalham. Isso porque as autoridades, sempre tão distantes das bases, tomam suas medidas dentro dos gabinetes, escutando assessores que geralmente se preocupam com o brilhareco que resulte em algum lucro e nunca nos interesses da coletividade.
No caso do samba de São Paulo, não deu outra coisa. O Prefeito Faria Lima resolveu, com a melhor das intenções, oficializar o Carnaval de São Paulo. Mas deve ter consultado gente que sempre achou que nesta cidade não havia samba, nem sambistas. E essa gente, sem vacilar, desconhecendo totalmente o que é Carnaval, desconhecendo que carnaval não se resume apenas em desfiles, nem em escolas de samba, que desfile e escolas de samba são um aspecto do carnaval, que existem vários outros aspectos que também devem ser considerados, essa gente estava interessada na cascata que podia fazer em torno da oficialização do Carnaval e não na preservação dos costumes carnavalescos do povo desta cidade. E então, sem nenhuma cerimônia, fizeram a presepada: oficializaram o Carnaval. Mas, na lei, ficou claro que o único evento carnavalesco que a Prefeitura se via obrigada a realizar era o desfile das escolas de samba. Resultado, todo incentivo da Prefeitura para as escolas de samba e nenhum para os cordões que, diante da indiferença das autoridades, foram se extinguindo ou virando escolas de samba, puxadas aos defeitos das escolas do Rio de Janeiro (é mais fácil copiar defeito que virtude) e se desvinculando totalmente das raízes culturais de São Paulo.
O samba paulista é diferente do samba baiano que se instalou no Rio de Janeiro a partir da casa das "tias". O samba paulista é mais puxado ao batuque, ao samba de trabalho. Do toco, durão. O samba paulista vem das fazendas de café. O crioulo vindo do interior ia se instalando perto dos locais de trabalho: Jardim da Luz, Barra Funda, Largo da Banana, Praça Marechal, Alameda Glete, Bexiga, Rua Direita, Praça da Sé. E aqui, como no Rio de Janeiro, a polícia perseguia o samba e os sambistas. No Rio de Janeiro, os pagodeiros subiam o morro e a polícia se acanhava, e aí, não havia remandiola. O samba era solto, batido na mão, espalhado pelo terreiro. Aqui, o sambista se recolhia nos porões e lá puxava o samba, mas, naturalmente, não era a mesma coisa. Um samba espalhado debaixo de um céu cheio de estrelas e de luar e um samba espremido em porões, nos quais crioulo de mais de um metro e setenta tinha que mostrar o que sabia todo dobrado, pra não bater com a testa nas vigas. E quando o pagode esquentava, era tanta poeira que subia, que só era possível saber que estava havendo samba pelo ronco da cuíca e pelo gemido do cavaquinho, porque ver, não se via ninguém.
São muitos os grandes sambistas de São Paulo: Vassourinha (Olha aí, carnavalescos de escolas de samba, que andam com mania de enredo com vida de artista: esse foi gente grande e de muita embaixada no rádio), Dionísio Camisa Verde, Marmelada, Jamburá, Feijó, Pato N'água, Sinval, Inocêncio Mulata, Carlão do Peruche, Nenê da Vila Matilde, Pé Rachado, Zezinho do Morro da Casa Verde, Geraldão da Barra Funda, Chiclete, Zeca da Casa Verde, Toniquinho, Nego Braço, Zoinho, Dona Eunice, Sinhá, Donata, tudo gente que mantinha o samba na rua na época em que a polícia acabava samba na base do chanfralho. Tudo gente de valor provado no meio das batalhas. Tudo gente que saía nos cordões pelo prazer de sair, por gostar de samba, por querer sambar. No centro da cidade, muitas vezes, um cordão que ia encontrava um cordão que vinha. Então, era coisa pra valente. Ninguém recuava. Os cordões se cruzavam. Tinha um ritual todo cheio de parangolé. O baliza de pau de um cordão protegia a porta-estandarte do outro cordão. Os estandartes (ou bandeiras) eram trocados com muita gentileza e muito respeito. Depois de um tempo, se destrocavam os estandartes (ou bandeiras) e aí o pau comia. Navalha, tamanco, porrete entravam na fita pra bagunçar o pagode.
Pato N'água foi levar uma cabrochinha lá pras bandas de Suzano. Amanheceu boiando numa lagoa, comido de peixe e de bala.
Dizem que foi a primeira vítima do Esquadrão da Morte. Ninguém sabe direito. Defunto não fala. O que se sabe é que a notícia chegou ao Bexiga à tardinha, na hora da Ave-Maria, e logo correu pelos estreitos, escamosos e esquisitos caminhos do roçado do bom Deus. E por todas as quebradas do mundaréu, desde onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos, o povão chorou a morte do sambista Pato N'água. E o Geraldão da Barra Funda, legítimo poeta do povo, chorou por todos num bonito samba chamado Silêncio no Bexiga.
O Largo da Banana era o lugar aonde os caminhões que vinham do interior encostavam pra descarregar. Ali se juntava a curriola. Enquanto não vinha caminhão se armava o samba duro. Jogava-se a tiririca:
É tumba, moleque, é tumba é tumba pra derrubar tiririca, faca de ponta capoeira vai te pegar Dona Rita do Tabuleiro quem derrubou meu companheiro Abre a roda, minha gente que comigo é diferente
E só parava na roda quem se garantia. E o Inocêncio Mulata (ex- presidente do Camisa Verde e Branco da Barra Funda) sabia tudo. Tudo e mais alguma coisa. E no Carnaval, puxava no surdão um famoso trio de couro. Ele no surdão, o Feijó na caixa de guerra e o Zoinho no tamborim. Paravam num boteco qualquer e começavam a zoar. Ia juntando gente, juntando gente e aí o rio saía pela Barra Funda, com uns duzentos sambando atrás. Na Praça Marechal, já eram dois mil, na Glete, cinco mil. Aí, era zorra, zorra total, até a polícia chegar. Foi nesse trio de couro que o Inocêncio ganhou o apelido de Mulata. Logo ele, que não é de fazer careta pra cego, resolveu aprontar pro Feijó, que não podia ver rabo de saia. O Inocêncio pegou um vestido da Dona Sinhá, meteu um turbante, se embonecou e ficou na moita. O Feijó e o Zoinho, que estavam no boteco esperando o companheiro de trio, foram tomando todas.
Quando já estavam bem bebuns, e achando que o Inocêncio não viria mais, ele se apresentou vestido de mulher. Fez sucesso pro Feijó, que achou aquilo uma tremenda mulata e foi logo pagando cerveja. Mais encantado ainda ficou o Feijó quando aquela mulata pegou no surdo e mandou ver. O trio saiu. O Feijó todo preocupado com a mulata e alimentando ela com cerveja até a Glete. Aí, o Feijó resolveu partir com tudo. Se entortou. O Inocêncio tirou o turbante e se apresentou. O patuá do Feijó entortou. Mas o Inocêncio ganhou pra sempre o apelido de Mulata.
Mas a guerra se avacalhou. Não existe mais trio de couro, nem bloco de sujo, nem vai-quem-quer. Essas manifestações espontâneas do povo, que sempre a polícia tentou acabar sem conseguir, acabaram graças às promoções carnavalescas da Prefeitura. No lugar dessas coisas todas, a Prefeitura meteu o Trio Elétrico. A própria poluição sonora, que com guitarras elétricas e grandes aparelhos de som, esmagavam, apagavam qualquer instrumento de couro batido por um sambista. Alguns músicos defendiam essa jeringonça como mercado de trabalho, mas se esqueciam que um toca-fitas e uma Kombi faziam o mesmo efeito que esse trio elétrico. E esqueciam que faltava mercado de trabalho porque muitos bailes de Carnaval em São Paulo eram animados por toca-fitas e que a própria Prefeitura promovia um bailão pra quarenta mil pessoas, com toca-fitas.
São Paulo sempre teve muito carnaval. Mas hoje está tudo resumido no desfile das escolas de samba e nos bailes dos clubes. E isso tudo é muito triste. Porque o Carnaval sempre serviu pras manifestações espontâneas do povo. E tudo agora vai se resumindo num espetáculo pra atrair turista. Feito no gosto dos turistas e avaliados pelos padrões culturais das elites. E isso dói. Porque um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas jamais será um povo livre.
Hélio fez história, não bagunça, ele fez a primeira fantasia para brincar no carnaval escondido da mãe. Hélio Romão de Paula, o Hélio Bagunça, é parte da memória samba paulistano.
por Letícia Delamare
Foi em 1951, menino ainda, que Hélio Romão de Paula fez contato com o samba pela primeira vez. Escondido da mãe - "Eu não sabia qual era a opinião dela sobre festas desse tipo e achei melhor não perguntar", lembrava ele, com um sorriso ainda maroto, mais de meio século depois - fez uma fantasia com as cores do grupo e foi dançar no salão do Campos Elíseos, antigo cordão carnavalesco da Barra Funda, já desaparecido. Ele se recusa a dizer, ainda hoje, qual era, afinal, a opinião da mãe sobre o carnaval, o que faz supor que não fosse muito favorável. Qualquer que fosse ela, porém, Hélio nunca mais se afastou das rodas de samba das quais se tornou personagem histórico com o apelido de "Bagunça". Hélio Bagunça.
Bagunceiro o garoto Hélio certamente era. Tanto assim que dois anos depois daquele encontro inicial com o carnaval, ele já fazia outra traquinagem, participando do pequeno grupo de sambistas que, agrupados em torno de Inocêncio "Mulata" Tobias, recriou o antigo Grupo Carnavalesco Barra Funda, fechado desde 1939, agora com o nome de Cordão Carnavalesco Camisa Verde e Branco. Não era brincadeira para qualquer menino. Para impedir que estranhos invadissem as alas, atrapalhando os passistas, os cordões saíam protegidos por uma corda sustentada por jogadores de capoeira e "tiririca" que repeliam os penetras. Hélio sempre sambou perto das cordas. E o sucesso era tão grande que já no ano seguinte à refundação, o cordão ganharia o carnaval comemorativo do IV Centenário da cidade de São Paulo.
Hélio também estava presente quando, em meados dos anos 60, o Camisa Verde foi obrigado a ir desfilar na Bela Vista, território do arqui-rival Vai-Vai. Na época, os organizadores do carnaval costumavam marcar o desfile dos três maiores cordões da cidade - Camisa Verde, Fio de Ouro e Vai-Vai - para dias diferentes e ninguém podia prever o que aconteceria quando eles se encontravam. Mas mesmo assim, lá se foram Hélio e seus companheiros, arrastando alas, carros alegóricos e instrumentos da bateria para o Bexiga. O resultado?
- Foi um "fuzuê" - ele define com uma gargalhada.
Hélio lembrava com saudade e bom humor daqueles tempos heróicos do samba paulista. E com especial carinho de "Seu" Inocêncio - somente os muito íntimos, ou valentes, para chamá-lo de "Mulata" - e, principalmente de sua mulher, a "Tia Sinhá", espécie de anjo-da-guarda da garotada do cordão. "Ela estava sempre ali, tratando de assuntos bons e ruins, cuidando dos grandes e também dos moleques", lembra Hélio Bagunça. "Parece até que ela adivinhava. Várias vezes nós estávamos com uma fome danada e, de surpresa, ela fazia um jantarzinho para nós". Ou então se juntava às outras mulheres do cordão para, comandadas por uma cozinheira conhecida como "Dona Dulce", preparar um angu à baiana para ajudar a fazer caixa e pagar o tecido das fantasias. O sucesso era tão grande que até artistas, como Jair Rodrigues, e jogadores de futebol famosos apareciam para provar da ótima comida.
No Camisa Verde, Hélio conviveu com os grandes bambas da época, como Walter Gomes de Oliveira, o "Pato N'Água", valente e o melhor diretor de bateria da época, que foi do Vai-Vai e do Camisa Verde. Naqueles tempos, diretor de bateria que se prezasse controlava todos os músicos ao som de um apito. "Pato N'Água", querido pelas mulheres e respeitado pelos homens, não apenas dirigia a orquestra, determinando breques para os solos de instrumentos como fazia questão de "chamar" um breque total, quando tocava o Hino Nacional com o apito.
Memória do samba paulistano, Hélio já não faz mais bagunça. Nos últimos anos de vida ele acostumou-se a desfilar pelo Pólo - ele não gostava de chamar o Pólo Cultural e Esportivo Grande Otelo de sambódromo - ostentando o título de Cidadão Samba do Carnaval Paulistano. Se sua mãe soubesse qual seria o resultado daquela primeira travessura, certamente não ficaria zangada.
ESCOLA
A história do Camisa remonta a 1914, quando foi criado o "Grupo Carnavalesco Barra Funda", liderado por Dionísio Barbosa. Nesse grupo carnavalesco, os homens saíam pelas ruas do bairro da Barra Funda vestidos de camisas verdes e calças brancas. Durante o Estado Novo, os integrantes do Barra Funda foram confundidos com simpatizantes da Ação Integralista Brasileira, partido político de Plínio Salgado, e por isso perseguidos pela polícia de Getúlio Vargas, até deixarem de desfilar em 1936.
Depois de 17 anos, em 1953, Inocêncio Tobias, o Mulata, cria um movimento para reorganizar o antigo grupo carnavalesco, criando no dia 4 de setembro o Cordão Mocidade Camisa Verde e Branco. Logo no seu primeiro ano desfilando como cordão, o Camisa Verde vence o desfile de cordões, com o enredo IV Centenário; O Camisa ainda seria campeão como cordão mais quatro vezes: 1968; 1969; 1971 e 1972 (ano este em que os cordões já estavam em decadência com a popularização das escolas de samba) Depois do carnaval de 1972 o Camisa segue o caminho natural, tornando-se escola de samba com o fim do desfile de cordões, chegando ao primeiro título, como escola, em 1974.
Durante a época da Ditadura Militar, a escola tentou produzir um enredo sobre João Cândido, herói da Revolta da Chibata, porém esta proposta foi censurada pelos generais da época. Em 1980, Inocêncio Tobias, morre deixando a presidência do Camisa Verde nas mãos do seu filho Carlos Alberto Tobias, que dirige a escola apoiado pela esposa Magali e sua mãe Cacilda Costa, a Dona Sinhá (esposa de Inocêncio Tobias).
Oito anos depois, morre a Dona Sinhá, considerada uma das damas do samba paulistano, e dois anos depois, em 1990, também vem a falecer o presidente da escola. Sua mulher, Magali dos Santos assume a presidência, sendo campeã logo no seu primeiro ano à frente da diretoria. O Camisa Verde, que já havia sido campeão em 1974, 1975, 1976, 1977, 1979, 1989 e 1990, ainda vence o Grupo Especial depois disso em 1991 e 1993.
Porém em 1996, num ano em que a escola enfrenta problemas antes e depois do desfile, o Camisa termina em penúltimo lugar entre dez escolas e é rebaixado para o Grupo de acesso. Após contar na avenida um enredo patrocinado pela Coca-Cola, a escola vence e retorna ao Grupo Especial.
Em 2002, a Camisa Verde apresenta um grande desfile falando sobre o numero quatro e as místicas dele, terminando em um honroso 2º Lugar, perdendo o carnaval no quesito Enredo, para a sua afilhada Gaviões da Fiel. Talvez esse tenha sido a ultima alegria dos torcedores da Camisa, que após esse ano a escola não voltou mais ao desfile das campeões.
Em 2003, o Camisa Verde consegue apresentar na avenida o enredo que havia sido proibido pela ditadura, fazendo uma homenagem ao líder dos revoltosos marinheiros, e com um samba forte, termina em 6º lugar. O desfile contou com a participação inclusive do neto do marinheiro, que desfilou no último carro alegórico.
Em 2004, durante os 450 anos de São Paulo, a escola fez uma homenagem à Barra Funda, aproveitando para contar ao mesmo tempo a história da cidade, do seu bairro e da própria escola, que completava 50 anos desde que foi reorganizada em 1953. O refrão do Camisa Verde neste ano dizia: "Vem festejar vem brindar, amor / 50 anos de glórias, eu sou! / Vem batuqueiro e mete a mão no couro / Que a Barra Funda é jubileu de Ouro".
Em 2005, após um ano de muitas dificuldades, e com um samba que a princípio foi classificado pela crítica como fraco, o Camisa surpreende na avenida, a escola evolui bem e o samba cresce na avenida, tendo este sido considerado um grande desfile. Apesar disso a escola acaba em apenas 11º lugar. Em 2006, com muitos problemas e com um carnavalesco que abandonou o barracão faltando menos de 20 dias para o desfile, o Camisa Verde acaba na 13ª posição e cai para o Grupo de acesso. A escola, durante o ano, protestou contra uma nota 8,5 que foi dada para sua a bateria, sob a alegação dada pelo jurado de que "não teria ouvido os surdos". É preciso ressaltar que a bateria do Camisa Verde é conhecida como A Furiosa da Barra Funda, e considerada uma das melhores de São Paulo, e sem este 8,5 a escola teria se mantido no Especial.
Em 2007, o Camisa foi vice-campeão do Grupo de Acesso, voltando à elite do Carnaval Paulistano, porém sendo rebaixada novamente no ano seguinte. Em 2009, a escola desfilou um enredo pedindo a paz mundial, que acabou levando um quarto lugar, fazendo com que a escola permaneça por mais um ano no grupo de Acesso.
Infelizmente no carnaval de 2008 a escola foi rebaixada, se mantendo no acesso em 2009, mas com a tradicional garra e trabalho para voltarmos a elite do carnaval paulistano.
A.C.S.E.S.M Camisa Verde e Branco © 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário