terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

AGENDA DOS DESFILES 2014

21/01/2014 17h51 - Atualizado em 21/01/2014 18h45

Veja a ordem dos desfiles das escolas do carnaval 2014 em SP

Grupo Especial desfila nos dias 28 de fevereiro e 1º de março.
Oito escolas do Grupo de Acesso se apresentam no último dia.

Do G1 São Paulo

As escolas de samba de São Paulo já têm ordem definida para os desfiles, que acontecem no Anhembi, na Zona Norte da capital. O Grupo Especial, que conta com 14 agremiações, se apresenta nos dias 28 de fevereiro (sexta-feira) e 1º de março (sábado).

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Já as oito escolas do Grupo de Acesso desfilam no dia 2 de março (domingo).

A Mocidade Alegre, atual campeã do carnaval, será a terceira a cruzar a avenida no sábado. Leandro de Itaquera e Pérola Negra, vice-campeã e campeã do Grupo de Acesso, serão as primeiras da noite no dia 28 de fevereiro e no dia 1º de março, respectivamente.

Confira a agenda de desfiles de carnaval:

Sexta-feira (28 de fevereiro) - Grupo Especial
Leandro de Itaquera
Rosas de Ouro
X-9 Paulistana
Dragões da Real
Acadêmicos do Tucuruvi
Vai-Vai
Tom Maior

Sábado (1º de março) - Grupo Especial
Pérola Negra
Gaviões da Fiel
Mocidade Alegre
Nenê de Vila Matilde
Águia de Ouro
Império de Casa Verde
Acadêmicos do Tatuapé

Domingo (2 de março) - Grupo de Acesso
Colorado do Brás
Morro da Casa Verde
Unidos do Peruche
Camisa Verde e Branco
Imperador do Ipiranga
Unidos de Vila Maria
Mancha Verde
Estrela do Terceiro Milênio

Ingressos carnaval 2014

http://g1.globo.com/sao-paulo/carnaval/2014/noticia/2014/02/comeca-venda-de-ingressos-para-o-carnaval-nas-bilheterias-do-anhembi.html

ta chegando a hora.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

MANCHA VERDE 2014

https://www.youtube.com/watch?v=FqZ9YdssXvM&feature=youtube_gdata_player

PEROLA NEGRA 2014

https://www.youtube.com/watch?v=HWU3O9jPcQ8&feature=youtube_gdata_player

UNIDOS DO PERUCHE 2014

https://www.youtube.com/watch?v=ts64dJWqEPc&feature=youtube_gdata_player

MORRO DA CASA VERDE 2014

https://www.youtube.com/watch?v=JOLg2MiV1uU&feature=youtube_gdata_player

UNIDOS DE VILA MARIA 2014

https://www.youtube.com/watch?v=sfD64jY-2rU&feature=youtube_gdata_player

CAMISA VERDE E BRANCO 2014

https://www.youtube.com/watch?v=sWGL3HrYsFk&feature=youtube_gdata_player

ROSAS DE OURO 2014

https://www.youtube.com/watch?v=55kwncKTxAA&feature=youtube_gdata_player

ROSAS DE OURO

História

Fundada em 1971 por um grupo de quatro amigos, José Luciano Tomás da Silva, João Roque “Cajé”, José Benedito da Silva “Zelão” e entre eles o seu eterno presidente Eduardo Basílio, que permaneceu à frente da escola até outubro de 2003, e dá nome à sua quadra. Hoje, uma das maiores e bem estruturadas de São Paulo.

Seu nome vem de uma condecoração do Papa Gregório II em 730, para condecorar virtuosas princesas católicas, o bouquet de Rosas de Ouro, contidas em um vaso de forma elegante, ricamente decorado, abençoado pelo Papa antes da missa do quarto domingo de quaresma. Após a assinatura da Lei Áurea, em 1889, sua alteza imperial – Princesa Isabel seria condecorada por iniciativa do Papa Leão XIII, que a entregou uma “Rosa de Ouro”.

A ascensão da Rosas de Ouro foi meteórica. Desfilou pela primeira vez em 1973, no segundo grupo, e ficou em quarto lugar. No ano seguinte ganhou o segundo grupo e subiu para o grupo principal. Em sua primeira aparição entre as grandes escolas de samba ficou com o vice-campeonato. Seus sambas, nos primeiros anos de existência foram feitos pelo compositor Zeca da Casa Verde.

Em 1983 veio a alegria maior para os componentes da “Roseira”, apelido carinhoso da Escola, o campeonato com o enredoNostalgia, último samba que Zeca da Casa Verde fez para a Escola, e que era uma volta a São Paulo do começo do século XX.

A cidade paulistana, aliás, é o tema preferido dos enredos da Rosas de Ouro. Já foram apresentados na avenida temas como a célebre Faculdade de Direito do Largo São Francisco, enredo do bicampeonato em 1984, a Avenida São João, os vários povos de toda parte do Brasil e do mundo que fizeram da cidade seu novo lar, o final de semana típico de um paulistano, a evolução da cidade através dos tempos, a gastronomia de São Paulo, personagens como os Demônios da Garoa e Paulo Machado de Carvalho e até uma visão futurística de como seria a cidade cem anos depois.

Sociedade Rosas de Ouro é uma das Escolas favoritas da cidade e frequentada por uma variedade de pessoas: famílias, jovens, estudantes, crianças e estrangeiros. Em mais de 30 anos desfilando no Grupo Especial, dificilmente ficou abaixo da sexta colocação.

A comunidade da Freguesia do Ó também merece destaque pela Escola. Desde que saiu do seu bairro de origem – Brasilandia – aRosas de Ouro desenvolve atividades com crianças e idosos ao redor da quadra.  Procura ajudar os menores carentes, retirando-os das ruas. “O que mais nos orgulha é que no bairro não existem crianças nos semáforos”, dizia o presidente e fundador da escola, Eduardo Basílio. “Tiramos todas as crianças das ruas”,acrescentava.  Em 1995 foi criado o “PROJETO SAMBA SE APRENDE NA ESCOLA”, e devido à situação precária das famílias das crianças e dos adolescentes tornou-se necessária à criação de um Programa Social mais abrangente e extensivo às famílias, onde buscamos sempre o ensinamento e o aprendizado, divulgando as atividades sempre com seriedade, almejando atingir a perfeição, querendo com isso se posicionar entre um dos melhores Projetos Sociais ligados as escolas de Samba e ao Carnaval.
As senhoras da ala das baianas promovem festas e concursos durante ano, através de grupos de convívio para as pessoas da terceira idade.

Sem perder a essência de escola de samba, aRosas de Ouro profissionalizou seu segmento e passou a oferecer para grandes empresas, festas e eventos o show Rosas de Ouroapresentado em todo território nacional e outros países.
Toda a equipe da Escola é comprometida com as atividades, desde o lançamento do enredo até o desfile oficial. Não há período sazonal. O trabalho é intenso, durante o ano inteiro.

Em 2003 o querido presidente Eduardo Basílio adoeceu e deixou a nação azul e rosa em luto. Como sucessora sua filha Angelina Basílio, atual Presidente, passou a dirigir a Escola com muita garra. Tomou a frente dos trabalhos, sem mudar a metodologia de seu pai: “Continuarei os sonhos que o Presidente Basílio acalentava”, comenta Angelina.

NENÊ DE VILA MATILDE

O Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Nenê de Vila Matilde é uma das mais tradicionais escolas de samba da cidade de São Paulo. Foi fundada em 1949 por Seu Nenê, que foi presidente da escola por 47 anos, até passar o comando da entidade em 1996 para seu filho, Alberto Alves da Silva Filho, em razão de alguns problemas de saúde.

Mesmo assim continou a desfilar em todos os anos seguintes. A Nenê possui onze títulos do Carnaval de Sâo Paulo, entre eles dois tricampeonatos. Até 2000 ela foi a escola com mais títulos do carnaval da capital de São Paulo. Em entrevista após o desfile de 2004, seu Nenê declarou que os dois maiores orgulhos que a escola lhe proporcionou foram o desfile no Rio em 1985 e a viagem a Portugal.

A Nenê ainda tem orgulho de ser afilhada da Portela, escola do Rio de Janeiro, e ter protagonizado a primeira roda de samba televisada em 1970, quando a TV exibiu para todo o Brasil esse batizado.

Seu Nenê é referência quando se fala de samba, carnaval e cultura brasileira. Nascido em Minas gerais, ainda menino mudou-se com a família para o rio de janeiro, onde foi criado e ainda adolescente mudou-se para São Paulo.

Casou-se com Dona Tereza, teve três filhos e cinco netos. Falecido no dia 04 de outubro de 2010, Seu Nenê será sempre lembrado e enaltecido por seu jeito sereno, justo, paciente e inteligente.

Salve nosso eterno Presidente e o grande baluarte do Samba – Seu Nenê!!!

 

Grêmio Recreativo Escola de Samba NENÊ DE VILA MATILDE 

Foi fundado por   um grupo de sambistas que na década de 40 faziam rodas de samba e tiririca no Largo do     Peixe, no bairro da Vila Matilde, Zona Leste de São Paulo, eles resolveram fundar uma   escola de samba.

No dia 1º de janeiro de 1949, ao tentar registrar e assinar a ata de fundação, as pessoas que viriam a ser os grandes baluartes da agremiação perceberam que tinham esquecido do mais importante: o nome da escola. Estavam todos muito nervosos com a situação, surgiram algumas ideias, como Unidos do Marapés e Primeiro de Janeiro, mas nenhuma delas agradou a todos, até que o homem que trabalhava no cartório perguntou quem era aquele que enquanto todos discutiam o nome da escola tocava o seu pandeiro tranquilamente. Responderam-lhe que era o Nenê. O funcionário então sugeriu que o nome da escola fosse Nenê, o que agradou a todos. A Nenê já nasceu como escola de samba, ao contrário de algumas das outras grandes escolas de São Paulo, como Camisa e Vai-Vai, que foram fundadas como cordões, ou Rosas, Mocidade e Gaviões, que eram blocos.

A escola só passou a competir com as grandes da época no carnaval de 1953. A Nenê já mostrou que vinha para acabar com o monopólio da grande escola da época, a Lavapés. Escola mais antiga da cidade, fundada em 1931, a Lavapés foi a grande campeã do início dos carnavais de São Paulo. Como demonstração de sua força, a Nenê já ganhou o seu primeiro título em 1956, quando trouxe para a avenida o primeiro samba-enredo da história do carnaval de São Paulo, Casa Grande e Senzala, e logo depois o seu primeiro tricampeonato, em 1958, 1959 e 1960. Na década de 1960 a Nenê foi a grande campeã, em 1960, 1963, 1965, 1968, 1969 e 1970 (seu segundo tricampeonato).

Com a entrada de blocos e cordões na disputa como escolas de samba, a Nenê ficou um bom tempo sem ganhar títulos, mas mesmo assim fez história. Como em 1976, o ano em que a bateria da Nenê foi a primeira de São Paulo a apresentar coreografias. Fez sambas até hoje citados como alguns dos melhores de São Paulo: Baluarte Candeia (1981), Palmares, raiz da liberdade (1982) e Gosto é gosto de não se discute (1983). Foi durante esse período que a Nenê conquistou uma de suas maiores glórias, a única bateria que ficou 26 anos consecutivos tirando apenas notas 10.

Em 1985, com o enredo “Quando o cacique rodou a baiana” após conquistar o seu décimo título com muito louvor, a escola foi convidada para desfilar ao lado de Mocidade Independente de Padre Miguel e Beija-Flor de Nilópolis durante o desfile das campeãs do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí. Até hoje a Nenê é a única escola de São Paulo que recebeu esse convite.

Em 1986 a escola viveu um dos seus maiores momentos com o enredo Rabo do Foguete, desfile aclamado como o campeão da noite, ao lado de Camisa Verde e Branco, Rosas de Ouro e Vai-Vai, mas que obteve apenas o terceiro lugar. Durante os desfiles de 1987, ano de grandes sambas, a Vila foi a última a se apresentar, com um estilo irreverente de desfilar, a escola saiu como uma as favoritas, apresentando o melhor conjunto de fantasias, mais alegorias pequenas para os padrões já da época, e sucumbiu num 5º lugar muito protestado.

No ano de 1988, centenário da abolição da escravatura, a Nenê decidiu não homenagear a comunidade negra, sabendo que a maioria das escolas viria com um tema relacionado. Ao invés disso, a diretoria preferiu falar sobre a Zona Leste de São Paulo, segundo a visão de Paulistinha, um de seus grandes baluartes. No enredo, foi abordada, sob um ponto de vista extremamente positivo, a condição de ser um morador de um lugar tão abandonado. Também foram citados o Largo do Peixe, a fundação da escola, o trem que leva os trabalhadores de Guaianazes à Estação Roosevelt e o Corinthians. Devido à falta de destaques sobre os carros, a escola perdeu quatro pontos que a impediram de conquistar o título, porém mesmo assim ficou marcado com um dos maiores desfiles do carnaval de São Paulo.

Em 1989, cantando seus quarenta anos de história, e apostando na inspiração afro, característica marcante da escola, a Nenê levantou a Tiradentes.  Em 1990 a escola viveu seu pior momento, ao desfilar sem cinco carros, após uma chuva que devastou São Paulo. Devido a isso, a Nenê terminou a disputa em oitavo lugar.

Prometendo a redenção, a escola contratou Tito Arantes, ficando novamente em oitavo em 1991. No ano seguinte, com Oswaldinho no posto de carnavalesco, a Nenê deu um salto em qualidade das fantasias, teve o samba aclamado pelo povo, levou o enredo Tudo mentira… Será que é?

Em 1993, com Marcia Inayá e Armando da Mangueira como intérpretes, garantiu um quarto lugar, muito festejado pela comunidade com um enredo sobre a saúde. No ano seguinte, a Nenê investiu na revelação Pedrinho Pinotti, além de trazer Dom Marcos para intérprete.

No ano de 1995, com um samba que nasceu da junção de três sambas finalistas, assim com um de seus melhores desfiles, um dos refrões mais cantados da história do carnaval de São Paulo, a Nenê levantou a arquibancada. Só ficando atrás do samba da Gaviões da Fiel, o da Nenê foi o mais cantado daquele ano.  E, após uma apuração disputadíssima pelo vice campeonato, a Nenê acabou na sexta colocação.

Para o ano de 1996 a agremiação novamente investiu pesado, trazendo do Rio de Janeiro o carnavalesco Joãozinho Trinta. Como resultado a escola fez 282 pontos, novamente ficando com o sexto lugar.

No ano seguinte Seu Nenê deixou a presidência para seu filho Betinho, que assumiu o cargo prometendo modernizar, trazendo de volta Tito Arantes, que desenvolveu aquele que é considerado um dos maiores enredos negros da história – Narciso Negro. Com uma escola luxuosa a Nenê foi aclamada a campeã da noite.

A escola garantiu um vice-campeonato em 1998 com um enredo sobre a Estação Primeira de Mangueira, a melhor posição desde 1985. Em 1999, ano do seu cinquentenário, a escola foi muito bem avaliada pelo público e pela crítica, ganhou o Troféu Nota 10 (equivalente ao Estandarte de Ouro no carnaval carioca) de melhor escola, e, com um samba e bateria contagiante, foi apontada como favorita pelo povo e pela crítica.

Em 2000, no carnaval dos 500 anos do Brasil, a Nenê novamente foi aclamada pelo público do Anhembi e ganhou novamente o Troféu Nota 10 de melhor escola, mas acabou no terceiro lugar de um dos carnavais mais disputados da história.

Já em 2001 novamente a escola passou aclamadíssima pelas arquibancadas, novamente com um enredo sobre a negritude, liderando a apuração até o quesito comissão de frente e consagrou-se a Campeã daquele ano, com o enredo “ Voei, voei, na Vila aportei onde me deram coroa de rei”. Após anos chegando perto, com uma das trilogias mais aclamadas da história do carnaval paulistano, finalmente a Nenê conquistava um título que não vinha havia 14 anos, título este que foi dividido com a Vai-Vai. No entanto, caso houvesse o desempate, ela seria considerada campeã sozinha, já que conquistou apenas uma nota 9,5 contra quatro notas 9,5 da Vai-Vai, incluindo uma no critério de desempate — mas naquele ano a maior e a menor notas eram eliminadas.

Em 2002, com um samba de forte crítica social e que fazia referências ao MST, a Nenê foi a última a desfilar na primeira noite de desfile. Lecy Brandão deu o grito de guerra na concentração, junto com os puxadores, sendo este o último ano em que ela desfilou no carnaval paulistano, antes de se tornar comentarista do desfile. Apontada como uma das favoritas, a Nenê conquistou sua vaga no desfile das campeãs com um quarto lugar.

No ano de 2003, a Nenê levou para o Anhembi um enredo sobre Ziraldo. Também muito aplaudida pelo público, a escola ficou novamente com o quarto lugar, o que se repetiria no carnaval de 2004. Nesse ano a Nenê encerrou os desfiles do grupo especial dos 450 anos de São Paulo aos gritos de “é campeã”. A escola falou sobre a Bienal de Arte de São Paulo e marcou mais esse desfile na sua história. Segundo sambistas de várias outras agremiações e críticos, esse desfile merecia um vice-campeonato.

Já em 2005, a escola falou sobre seu símbolo maior, a águia, herdada de sua madrinha Portela. A escola apresentou um bom samba, que animou as arquibancadas como sempre, foi bem esteticamente e a bateria foi maravilhosa. Baby, o puxador da Nenê naquele ano, ganhou o Troféu Nota 10 de melhor intérprete. Mas surpreendentemente, a Nenê só ficou no nono lugar. Em 2006 a escola vinha com um dos melhores sambas do ano, novamente com inspirações afro, e a bateria mostrou porque é citada com uma das melhores de São Paulo, mas uma quebra sequencial de quatro carros da agremiação prejudicou o desfile, levando à sua pior colocação até o descenso de três anos depois, um décimo primeiro lugar, chegando a estar entre as rebaixadas durante uma boa parte da apuração.

Buscando a reabilitação a Nenê chegou ao carnaval de 2007 apostando na tradição, com toda a escola vestida predominantemente de azul e branco, com a ala das passistas atrás da bateria, com carros pequenos para os padrões de hoje, mas bem acabados, e com um samba alegre. Além de um desfile bom, a escola levantou a arquibancada que esperou até o amanhecer para vê-la e ficou no sétimo lugar.

Em 2008, a Nenê apostou num enredo sobre o Brasil, cantando no sambódromo Câmara Cascudo e o folclore brasileiro. Pela primeira vez desde a fundação, Seu Nenê, com problemas de saúde, não desfilou, e como numa homenagem a seu patriarca a comunidade da Vila Matilde cantou o samba com garra, evoluiu com leveza, com a ajuda do amanhecer e mais um show da bateria a Nenê foi citada como uma das favoritas ao título, superando de longe o desfile anterior, mas ficou somente no oitavo lugar. Se as regras do ano anterior ainda estivessem em vigência, a Nenê terminaria o carnaval 2008 num sexto lugar.

Para 2009, a escola apostou mais uma vez na sua própria história. Nesse ano, a Nenê cantou o seu jubileu de diamante, os 60 anos de uma das mais tradicionais escola de samba do Brasil. Com um samba escolhido pela comunidade, a Nenê veio com uma nova comissão de carnaval e esperava voltar a estar no topo do carnaval de São Paulo. Ao contrário das suas pretensões, acabou rebaixada e, pela primeira vez em sua história, irá participar do grupo de acesso no ano de 2010. Até hoje, o carnaval deste ano é apontado pelos críticos e pelas co-irmãs o desfile mais emocionante da historia da Nenê, com componentes garantindo a tradição do samba no pé da escola, bate e enaltecendo veementemente seu Pavilhão.

Para 2010 na primeira vez que desfilar no Grupo de acesso de São Paulo, a Nenê traz como enredo A água nossa de cada dia. A pureza da Águia é a essência de nossas vidas e consagrase campeã com os gritou fervorosos de “ A Nene voltou”!!!

No ano  de 2011, com um enredo contando a influência do sal em nossas vidas, a Nenê foi novamente rebaixada ao Grupo de acesso.

Em 2012, com um forte reformulação interna e política, a Escola presidida por Rinaldo José de Andrade – Mantega . Com um enredo emblemático sobre Xica da Silva, a Nenê retorna ao Grupo Especial.

No ano de 2013, visivelmente mais organizada e profissionalizada, aliando as raízes da tradição matildense ao novo modelo de gestão das escolas de samba do Brasil.

A Nenê colocou sua comunidade apaixonada para defender a permanência no Grupo Especial com o enredo crítico sobre a Igualdade Social e trouxe para a Vila Matilde um honrado oitavo lugar, com gosto de campeonato para a Comunidade inteira que viu-se novamente com a esperança e a certeza de que a Nenê de Vila Matilde está de volta ao seu lugar de merecimento, com condições reais de disputar o campeonato de 2014, com o enredo: Paixões Proibidas e Outros Amores”!

VAI VAI

História da escola de samba VAI-VAI

No início do século, havia no bairro do Bixiga um time de futebol e grupo carnavalesco chamado Cai-Cai, que utilizava as cores preto e branco, tinha um grupo de choro e jogava no campo do Lusitana, próximo ao cruzamento das ruas Rocha e Una, na região do Rio Saracura. Por volta de 1928, um grupo de amigos, liderados por Livinho e Benedito Sardinha, ajudava a animar os jogos e festas realizadas pelo Cai-Cai, porém eram sempre vistos como penetras e arruaceiros, sendo apelidados de modo jocoso como “a turma do Vae-Vae”. Expulsos do Cai-Cai, estes criaram o “Bloco dos Esfarrapados”, e paralelamente, o Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, que foi oficializado em 1930.

O Vae-Vae adotou as cores preto e branco, as cores do Cai-Cai invertidas, como forma de ironizar o cordão do qual se separaram. Seu primeiro estandarte foi feito de cetim preto ornados com franjas brancas, tendo como símbolo no centro o desenho de uma Coroa com dois ramos de café e abaixo dos ramos, o nome do cordão, seguido da data de fundação.

Seu primeiro compositor foi Henrique Filipe da Costa, o Henricão, que compôs o samba de 1928: “Quem Vive Aborrecido Distrai no Bloco Carnavalesco Vai Vai“. Também de sua autoria foi o samba de 1929, que dizia “O Vai Vai na rua faz tremer a Terra / Quem está ouvindo e não vê / Chega a pensar que é guerra“. Nos anos 80, Henricão viria a ser o primeiro Rei Momo negro do carnaval paulistano.

O primeiro desfile oficial do Cordão Vai Vai, foi em fevereiro de 1930, o tema era sobre São Paulo e o samba novamente foi feito por Henricão:- “Salve São Paulo, tens o céu cor de anil/ Possui a riqueza e a grandeza, és o coração do Brasil”. As fantasias eram livres, e nelas predominavam o preto e o branco. No segundo desfile, em 1931, o foi cantado um samba exaltando ao Cordão Vai-Vai. Em 1932 devido à revolução, foi o único ano que o Cordão Vai-Vai não desfilou, mas em 1933, o Vai-Vai volta com um tema em Homenagem à Marinha Brasileira, com todos vestidos de marinheiros. De 1934 até 1965 o Vai-Vai não tinha um samba enredo, mas sim sambas exaltação, que eram cantados durante o desfile, sambas como sempre compostos por Tino e Henricão.

Djalma Branco, junto com Carioca, elaboraram grandes enredos na década de 60, tais como “O segundo casamento de Dom Pedro”, em 1966. Por falta de verbas, em 1967 o cordão repetiu o enredo e levou o título, o que gerou grande confusão entre os concorrentes. Em 1968 o enredo foi: “A vinda da família real”, onde o Vai-Vai teve como figurinista a mais alta patente em alta costura da época, o costureiro “Denner”. Sua vinda revolucionou o mundo do samba paulistano. Ainda como enredos a Vai-Vai teve em 1969-”Aleijadinho”, em 1970- “Princesa Leopoldina” – último título da entidade como cordão carnavalesco – e em 1971-”Independência ou Morte”, sendo Zedi o compositor do último samba do tempo de cordão.

No início da década de 70 a categoria dos cordões carnavalescos já estava decadente e todos passaram a se transformar em escolas de samba. Em 1972 a Vai-Vai torna-se oficialmente uma escola de samba, com a nomenclatura Grêmio Recreativo Cultural e Escola de samba Vai-Vai, estreando logo no Grupo Especial. Porém o primeiro título como escola de samba chegou em 1978, seis anos depois da mudança. Outros títulos também foram conquistados em 1981, 1982, 1986, 1987 e 1988.

No final dos anos 90 e início dos anos 2000 a escola viveu a sua melhor fase, quando após conquista o título de 1996, foi tetra campeã consecutiva entre 1998 e 2001. Às vésperas do desfile de 1999, a escola causou polêmica com a Confederação Israelita do Brasil, a Federação Israelita do Estado de São Paulo e a B’nai B’rith do Brasil, entidades judaicas que protestaram contra uma das alas da Vai-Vai, que apresentava fantasias com o desenho da suástica como adereço, com a intenção de representar a suposta previsão sobre Adolf Hitler feita por Nostradamus, título do enredo daquele ano.
Sólon Tadeu, presidente da escola na época, desculpou-se com representantes das três entidades, em uma reunião, argumentando que a escola não teria intenção de ofender, mas sim de apenas representar aquele elemento no enredo. Ainda assim, a escola decidiu desfilar com tarjas pretas sobre o polêmico adereço.

Em 2004, durante os 450 anos da cidade de São Paulo, a escola homenageou o próprio bairro, o Bixiga, assim como toda a Bela Vista, e obteve um dos piores resultados de sua história, o 11º lugar, após alguns problemas na evolução.

No ano seguinte, terceira a desfilar na sexta-feira, a escola veio “mordida”, e após um longo período na concentração, entrou muito bem na avenida, sendo considerada até o fim a favorita para o título daquele ano. Liderava a apuração, quando inesperadamente tirou algumas notas 9 novamente em quesitos como evolução e harmonia, terminando em quinto lugar. Naquele ano, a bateria protestou contra algumas de suas notas, e decidiu também que não desfilaria no desfile das campeãs, tendo após isso o presidente também decidido que a escola não participaria do desfile.

Em 2006, novamente foi apontada como uma das favoritas, e chegou mais perto do título, mas por meio ponto acabou em segundo lugar. em 2007, já sob o comando do presidente Tobias e com Waguinho como intérprete, a Vai-Vai, novamente apontada como favorita, terminou na terceira colocação. O novo presidente, logo após o desfile, não polemizou sobre o resultado, reconhecendo a vitória da Mocidade Alegre, embora dizendo que gostaria de ver as justificativas de algumas notas do quesito enredo.
Em 2008, com um enredo sobre a educação no Brasil, a escola conquistou seu 13º título.

Em 2009, a escola fez um brilhante carnaval, conquistando o segundo lugar.

Grandes personalidades

Estão entre os fundadores da Vai-Vai: Livinho, Frederico Penteado (Fredericão), Henricão, Tino, Lourival de Almeida(Loro), Lazinho, Lolo, João Penteado (Joãozinho), Lousa, Tonico, Biau, Zé Negrão, Fumaça, Zico, Isqueirinho, Argemiro, Zui, Ditinho Cristo(que foi o primeiro baliza do cordão), Guariba (sucessor de Ditinho Cristo na baliza), Genésio(sucessor de Guariba, marido da Dona Otede), Moacir Arrelia, Moacir Mãe d’Água, Leco, Dona Castorina, Dona Iracema, Maria Preta, Ana Penteado, Dona Florinda (mãe de dona Sinhá), Dona Iría (esposa de seu Livinho e mãe da Dinha), Iara, Vó Anacleta (mãe de ditinho Cristo e Vó de Pato n’Água), Dona Maria, Lucíola, Pitica, Clarinda, Ondina, Nizete, Vitorina, Olga, Sinhá (que foi à primeira contra baliza do cordão), Dona Nina, Odila (a primeira dama de preto), Dirce, Antonieta Penteado – Nêta – (a primeira rainha do cordão), Dona Iracema, Diamantino (Seu Nenê), Paulo Geremias (Seu Portela), Frederico Penteado Jr.(Ico), Moleque, Acácio, Carneirinho, entre muitos outros.

Também é imporante destacar outras personalidades importantes da história da escola, tais como: Tininha, Lucíola, Tica, Cida Pato, Cassimira, Regina Maura, Maria do Carmo, Arlindo Motorista, Djalma, Penteado, Julinho, Normando, Roberto Fardinha, Bolinha, Tigüera, Zé Roberto, Osvaldinho, Chimbó, Carmem, Fátima, Eliana, Sandrinha, Dona Paula, Mafalda, Niltes, Marrom, Nilton Baltazar, Walter Preto, Volnei, Peba , Éda, Rosely, Chicletinho, Zuccaro, Nelsinho, Dema Grapeti, Demã, Roberto Cartola, Serjão, Nino, Nena, Peru, Cleuza Amarante, Pato Roco, Cidinha Tergal, Sueli, Thune, Guaraná, Armando, Paulo Valentim, Boi, Santão, Amiginho, Miltom, Chapéu, Téti, Chuá, Carlão, Sol, Pedro Carneiro, Silvinho (Bacalhau), Lobão, Cizo, Zé Antonio e Dona Penha.

Dona Olímpia foi responsável por mais de duas décadas pela corte do Cordão, onde Teléco e Claudete ostentaram o cargo de rei e rainha por muito tempo, e tinham como princesas na corte, Cleuza, que mais tarde teria sua glória como porta bandeira e sua irmã Clélia, que nos anos 1950 saia à frente da bateria com trajes de bailarina dançando “balé” em ritmo de samba. Cleuzí vinha de baronesa e China (nossa eterna porta bandeira), ou melhor, Chininha, como era carinhosamente chamada na época, era Duquesa e chegou no Vai-Vai nos anos 1960, compondo a corte do cordão juntamente com: Dita, Laura, Dilma, Dinha, Iolanda, Marilia, Mercedes, Cidinha, Ditinha (que até os dias de hoje podemos vela na bateria tocando chocalho) e Odila que vinha na corte como dama de preto.

Carioca, além de enredista, também era grande compositor, sendo os sambas de 1966 a 1970 de sua autoria. Com a volta dos enredos em 1966, surge no cordão à figura da porta bandeira na pessoa de Clélia e o mestre sala Neno, passando o Vai-Vai a desfilar com pavilhão e estandarte, conduzido por Elisabete, isso até a transição do cordão para escola de samba.

A primeira ala show do Cordão Vai Vai foi criada em 1968, liderada por Clodoaldo (Tida), que tinha o nome de Ala Show Cuíca de Ouro, entre seus percussores tinha Baculé (cidadão samba de 2005), Diney (hoje mestre sala), Selma e Edna, que em 1968 em no 2º Simpósio do Samba realizado no Município de Santos litoral paulista, ganhou o título de melhor passista no concurso “Sandália de Prata”, vencendo grandes passistas de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Em 1971, Edina viria a ser a rainha da bateria do cordão e depois da escola de samba. Buculé, Tida e Diney, antes de montarem a ala show já eram passistas consagrados no mundo do samba, há muito já venham mostrando seus talentos como passistas à frente da Nossa Ala, que tinha como líder a sambista Cleusí.

Nessa época os figurinos ficavam por conta do saudoso “Madruga”. No início dos anos 1970,surge no cordão a primeira ala de estudantes, faziam parte desta ala, dois jovens e futuros arquitetos Caio e Bia, que se juntaram ao Madruga, para desenharem os figurinos e as alegorias do cordão para o carnaval de 1971 o convite a Ângelo Careca, Alemão e Serginho(Pé), que tinham dado uma força para o Pé Rachado no carnaval de 1970 e também, estendeu o convite a Dona Paulina (mãe da Bia).

Faziam parte deste grupo nomes que viriam a se tornar sambistas de primeira, como: Bolinha, Penteado, Julinho, Zé Roberto, Walter Preto, Eliana, Normanda, Tigüera, Didi e Feijoada, e com esse grupo, estava instituída a primeira comissão de carnaval do Vai-Vai e do Carnaval Paulista que seria responsável também, pela transformação do Cordão em Escola de Samba.
Outros grandes nomes também fizeram parte deste grande Cordão, como: Armandinho(do Museu do Bixiga), Seu Neno(do Bar do Petisco), Seu Mário (da farmácia) Ziniqui, Esquerdinha (do Lusitana), Rui Policia, Vicente Cucce (grandes colaboradores do cordão).
Lucíola outra grande expoente do cordão, por ter uma voz potente e aguda comandava o canto do Cordão nos ensaios até a início dos anos 1960, passando o cargo para a considerada Tininha, (irmã do Bira), e hoje a gente pode ver a Cleuzí Penteado,fazer a mesma coisa com sua voz aguda a frente da ala do Vai Vai do Amanhã, ala esta, que está a seu comando por mais de 30 anos. O Cordão Vai Vai, era pioneiro em tudo e uma das suas façanhas foi que em 1968 no bairro do Jaçanã na casa da Dona Paula (mãe do Normando) foi fundado o Vai Vai do Amanhã,a primeira ala infantil de São Paulo e desta ala saíram grandes sambistas, a exemplo da carnavalesca Vaniria.

Quando se fala em cordão não se deixa de falar em Genésio, “O Baliza”, apesar de sua estatura pequenina se tornava um gigante à frente do cordão e fazia grande malabarismo com a baliza,teve sua realeza até os primórdios dos anos 1970, hoje sua memória é guardada por todos e principalmente por sua família que tem à frente a grande matriarca e sambista Dona Odete,que por varias décadas fez parte da corte do nosso cordão, onde se destacava com seus belos trajes de baronesa.

“Que Barulho, Que Barulho é Aquele, Que Barulho é Aquele Que Vem Lá?”: foi assim que Tino fez sua entrada no cordão na metade dos anos 1930 e depois junto com Leco formaram uma parceria que rendeu grandes sambas e que se perpetuam até os dias de hoje. Uma outra grande arma do Cordão foi Baiano,músico profissional e morador do bixiga, vinha à frente do cordão tocando seu clarim anunciando a chegada do Vai Vai: – “Saiam a Janela Venham Espiar O Vai Vai Passar”- e como num passe de mágica a rua ficava cheia para ver o cordão querido.

Que saudade nos traz o Zelão o palhaço negro, que no meio do cordão fazia diabrura com sua bengala, uma espécie de Charles Chaplin á brasileira.

Outra grande dama foi Dona Ana Penteado que, desde da época do cordão, desfilou de baiana e mais tarde seria a baiana símbolo da escola de samba Vai–Vai.

Sobre os símbolos da escola

Os ramos de café foram escolhidos justamente para mostrar a soberania de São Paulo, quanto à cultura do café, que era uma das fontes de riqueza do país na época. Boa parte dos Barões do Café de São Paulo morava em lindos casarões na Avenida Paulista, com prestigio e riqueza era comum promoverem grandes festas, com muita música, fartura e comida de boa qualidade, que eram feitas pelas pretas velhas quituteiras, muitas delas, esposas de fundadores do nosso cordão, com uma bela mão para o fogão, estas quituteiras gozavam de grande prestigio junto aos Barões, e assim, nossas pretas velhas não perderam tempo e com muito jeitinho conseguiam com que eles sempre contribuíssem com o Cordão Vai – Vai, assinando a livro de ouro, e com essas contribuições, a turma do cordão comprava parte dos tecidos das fantasias e também parte dos instrumentos, (na certa uma justa homenagem ter o ramo do café no símbolo).

Já a Coroa simboliza a realeza e a magnitude da raça negra, naquela época era comum o negro se tratarem carinhosamente de “Oi Meu Rei, Oi Minha Rainha”(esta forma de tratamento se deriva dos tempos da escravidão), pois grande parte dos negros e negras que vieram para cá como escravos, eram Reis e Rainhas em suas terras,(assim uma justa homenagem à família negra paulistana e bixiguenta).

O símbolo foi idealizado por Fredericão, desenhado por Livinho (sendo que a coroa foi tomada por base a coroa da corte portuguesa) e confeccionado por Dona Iracema. O estandarte passou a ser a representação máxima do cordão e logo trataram de arrumar uma pessoa para conduzi-lo e a primazia foi dada a Pitica, que passou a glória para Iara, que foi sucedida por Dona Iracema que antes sucedeu Antonieta como rainha do cordão.

O apelido saracura era dado por causa do rio Saracura que margeava a Bela Vista, tornado-se pejorativo; mas graças aos títulos conquistados, tal apelido tornou-se motivo de orgulho, lembrado até hoje.

Por: Fernando Penteado

CAMISA VERDE E BRANCO

GRUPO BARRA FUNDA

Quando o samba de São Paulo dava seus primeiros passos, nos idos de 1914 e sofria toda a espécie de discriminação por parte das camadas sociais de maior poder aquisitivo e autoridades, os grupo  carnavalescos da época, travaram verdadeiras batalhas para a conquista de seu espaço. O bairro da Barra Funda, tradicional da Zona Oeste de São Paulo, viu nascer naquele ano um grupo liderado por DIONISIO BARBOSA, os rapazes trajavam Camisas Verdes e Calças Brancas, ensaiavam e desfilavam pelas ruas do bairro. Era, portanto, o embrião que 39 anos mais tarde resultaria no Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Camisa Verde e Branco.

O grupo carnavalesco Barra Funda como foi batizado por Dionísio Barbosa, engrossaria fileiras na luta paulista por mais décadas. Em 1936, inexplicavelmente, o grupo não levou seu carnaval às ruas e nos anos seguintes também ano. Até que um novo sambista e guerreiro reagruparia anos depois os sambistas dispersos. O grupo sofreu alguns problemas no governo Vargas, por ser confundido com simpatizantes do Partido integralista de Plínio Salgado, por causa da cor da roupa. Com a decadência do Grupo, surge um movimento para reorganizá-lo e o principal idealizador foi Inocêncio Tobias, (o mulata) como era conhecido. No dia 04 de setembro de 1953, Inocêncio Tobias, fundava o cordão Mocidade Camisa Verde e Branco, tendo a Barra Funda como quartel general, iniciando então a uma carreira de glórias. Já na categoria de cordão, tornou-se campeão em seu primeiro desfile; desfile em 1954, com o enredo IV Centenário de São Paulo, e foi campeão novamente em 1968 - Treze de Maio e 1969 - Biografia do samba. Em 1972, por falta de concorrentes, passava para a categoria de escola de samba, ingressando no primeiro grupo do carnaval paulistano. Inaugura sua quadra de ensaios na Rua James Holland, 663 e, em 1974 inicia uma trajetória de sucessos conquistando um título inédito de Tetra campeão nos seguintes anos: 1974 - Uma certa nega fulô, 1975 - Tropicália, 1976 - Atlântida e suas chanchadas e 1977 - Narainã, a alvorada dos pássaros. Volta a ser campeã em 1979 com o enredo Almôndegas de Ouro.

Em 1980, o grande Mulata como era conhecido Sr. INOCÊNCIO TOBIAS, falece e seu filho Carlos Alberto Tobias assume o comando da AGREMIAÇÃO, seu filho Carlos Alberto Tobias apoiado por sua mãe Dona Sinhá, Cacilda Costa (Já nesta época portadora do título de Dama do Samba Paulistano), e sua companheira Magali dos Santos uma das mais tradicionais destaques do Camisa Verde, assim como tantos outros componentes assumem a Família Verde e Branco. Em 24 de fevereiro de 1988, falece a nossa Dama - Dona Sinhá, deixando muita tristeza no coração dos Verde e Branco. Dois anos depois vem outra grande perda. Em 15 de janeiro de 1990, perdemos o nosso querido Presidente Carlos Alberto Tobias, criador da Liga Independente das Escolas de samba de São Paulo. Consternação geral às vésperas do carnaval. Assume o comando da Agremiação, temporariamente, sua filha Simone Cristina Tobias. A Escola desfila sob forte emoção e muita garra. Passado o carnaval, a Escola se reestrutura e Magali dos Santos assume a Presidência, tendo, sua filha Simone como Vice Presidente, seu filho Marcelo (conhecido Alecrim) como Diretor Geral e Taluana como Secretária Geral.

Embora o preconceito tenha sido grande, Magali dos Santos, como diria seu falecido marido, segurou o refrão e em seu primeiro ano de presidência ganha seu primeiro campeonato (1990). Mas, como nada é perfeito, alguns diziam que ela só conseguiu o campeonato pelo fato de ter pegado o carnaval pela metade. Atualmente, Magali dos Santos prefere não responder com palavras aos que desacreditam da força de uma mulher guerreira. Prova disto foi mais uma outra conquista. Em 1991, primeiro carnaval que a Presidenta Magali dos Santos assume de ponta a ponta, e consegue seu segundo campeonato. Chega se ao Tri- Campeonato em 1991, pois havíamos sido consagrados campeões em 1989 - QUEM GASTA TUDO NUM DIA, NO OUTRO ASSOVIA, 1990 - DOS BARÕES DO CAFÉ A SARNEY, ONDE FOI QUE EU ERREI e 1991 COMBUSTÍVEL DA ILUSÃO. No ano seguinte viria o BI - TETRA CAMPEONATO, pois segundo opinião geral o Camisa Verde fez um desfile memorável.

CORDÃO

A tradição carnavalesca de São Paulo era o cordão. Havia algumas escolas de samba, porém (e sempre tem um, porém), os bambas da pesada eram os cordões. Camisa Verde e Branco (branco mesmo), Vai-Vai, Paulistano da Glória, Campos Elíseos, Som de Cristal eram todos famosos cordões. E o cordão paulista tinha batida diferente das escolas de samba, tinha outras figuras e outras mumunhas. Eu disse "tinha". Porque, que eu saiba, não existe mais nenhum cordão em São Paulo. Os que não acabaram de vez se transformaram em escolas de samba. Como é o caso do Vai-Vai e do Camisa Verde e Branco, que foram os que mais resistiram, antes de se transformarem em escolas de samba. E o fim dos cordões, sem dúvida nenhuma, se deve ao elitismo, ao paternalismo das autoridades que, quando resolvem incrementar algumas manifestações espontâneas do povo, mesmo quando estão bem intencionadas, só atrapalham. Isso porque as autoridades, sempre tão distantes das bases, tomam suas medidas dentro dos gabinetes, escutando assessores que geralmente se preocupam com o brilhareco que resulte em algum lucro e nunca nos interesses da coletividade.

No caso do samba de São Paulo, não deu outra coisa. O Prefeito Faria Lima resolveu, com a melhor das intenções, oficializar o Carnaval de São Paulo. Mas deve ter consultado gente que sempre achou que nesta cidade não havia samba, nem sambistas. E essa gente, sem vacilar, desconhecendo totalmente o que é Carnaval, desconhecendo que carnaval não se resume apenas em desfiles, nem em escolas de samba, que desfile e escolas de samba são um aspecto do carnaval, que existem vários outros aspectos que também devem ser considerados, essa gente estava interessada na cascata que podia fazer em torno da oficialização do Carnaval e não na preservação dos costumes carnavalescos do povo desta cidade. E então, sem nenhuma cerimônia, fizeram a presepada: oficializaram o Carnaval. Mas, na lei, ficou claro que o único evento carnavalesco que a Prefeitura se via obrigada a realizar era o desfile das escolas de samba. Resultado, todo incentivo da Prefeitura para as escolas de samba e nenhum para os cordões que, diante da indiferença das autoridades, foram se extinguindo ou virando escolas de samba, puxadas aos defeitos das escolas do Rio de Janeiro (é mais fácil copiar defeito que virtude) e se desvinculando totalmente das raízes culturais de São Paulo.

O samba paulista é diferente do samba baiano que se instalou no Rio de Janeiro a partir da casa das "tias". O samba paulista é mais puxado ao batuque, ao samba de trabalho. Do toco, durão. O samba paulista vem das fazendas de café. O crioulo vindo do interior ia se instalando perto dos locais de trabalho: Jardim da Luz, Barra Funda, Largo da Banana, Praça Marechal, Alameda Glete, Bexiga, Rua Direita, Praça da Sé. E aqui, como no Rio de Janeiro, a polícia perseguia o samba e os sambistas. No Rio de Janeiro, os pagodeiros subiam o morro e a polícia se acanhava, e aí, não havia remandiola. O samba era solto, batido na mão, espalhado pelo terreiro. Aqui, o sambista se recolhia nos porões e lá puxava o samba, mas, naturalmente, não era a mesma coisa. Um samba espalhado debaixo de um céu cheio de estrelas e de luar e um samba espremido em porões, nos quais crioulo de mais de um metro e setenta tinha que mostrar o que sabia todo dobrado, pra não bater com a testa nas vigas. E quando o pagode esquentava, era tanta poeira que subia, que só era possível saber que estava havendo samba pelo ronco da cuíca e pelo gemido do cavaquinho, porque ver, não se via ninguém.

São muitos os grandes sambistas de São Paulo: Vassourinha (Olha aí, carnavalescos de escolas de samba, que andam com mania de enredo com vida de artista: esse foi gente grande e de muita embaixada no rádio), Dionísio Camisa Verde, Marmelada, Jamburá, Feijó, Pato N'água, Sinval, Inocêncio Mulata, Carlão do Peruche, Nenê da Vila Matilde, Pé Rachado, Zezinho do Morro da Casa Verde, Geraldão da Barra Funda, Chiclete, Zeca da Casa Verde, Toniquinho, Nego Braço, Zoinho, Dona Eunice, Sinhá, Donata, tudo gente que mantinha o samba na rua na época em que a polícia acabava samba na base do chanfralho. Tudo gente de valor provado no meio das batalhas. Tudo gente que saía nos cordões pelo prazer de sair, por gostar de samba, por querer sambar. No centro da cidade, muitas vezes, um cordão que ia encontrava um cordão que vinha. Então, era coisa pra valente. Ninguém recuava. Os cordões se cruzavam. Tinha um ritual todo cheio de parangolé. O baliza de pau de um cordão protegia a porta-estandarte do outro cordão. Os estandartes (ou bandeiras) eram trocados com muita gentileza e muito respeito. Depois de um tempo, se destrocavam os estandartes (ou bandeiras) e aí o pau comia. Navalha, tamanco, porrete entravam na fita pra bagunçar o pagode.

Pato N'água foi levar uma cabrochinha lá pras bandas de Suzano. Amanheceu boiando numa lagoa, comido de peixe e de bala.

Dizem que foi a primeira vítima do Esquadrão da Morte. Ninguém sabe direito. Defunto não fala. O que se sabe é que a notícia chegou ao Bexiga à tardinha, na hora da Ave-Maria, e logo correu pelos estreitos, escamosos e esquisitos caminhos do roçado do bom Deus. E por todas as quebradas do mundaréu, desde onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos, o povão chorou a morte do sambista Pato N'água. E o Geraldão da Barra Funda, legítimo poeta do povo, chorou por todos num bonito samba chamado Silêncio no Bexiga.

O Largo da Banana era o lugar aonde os caminhões que vinham do interior encostavam pra descarregar. Ali se juntava a curriola. Enquanto não vinha caminhão se armava o samba duro. Jogava-se a tiririca:

É tumba, moleque, é tumba é tumba pra derrubar tiririca, faca de ponta capoeira vai te pegar Dona Rita do Tabuleiro quem derrubou meu companheiro Abre a roda, minha gente que comigo é diferente

E só parava na roda quem se garantia. E o Inocêncio Mulata (ex- presidente do Camisa Verde e Branco da Barra Funda) sabia tudo. Tudo e mais alguma coisa. E no Carnaval, puxava no surdão um famoso trio de couro. Ele no surdão, o Feijó na caixa de guerra e o Zoinho no tamborim. Paravam num boteco qualquer e começavam a zoar. Ia juntando gente, juntando gente e aí o rio saía pela Barra Funda, com uns duzentos sambando atrás. Na Praça Marechal, já eram dois mil, na Glete, cinco mil. Aí, era zorra, zorra total, até a polícia chegar. Foi nesse trio de couro que o Inocêncio ganhou o apelido de Mulata. Logo ele, que não é de fazer careta pra cego, resolveu aprontar pro Feijó, que não podia ver rabo de saia. O Inocêncio pegou um vestido da Dona Sinhá, meteu um turbante, se embonecou e ficou na moita. O Feijó e o Zoinho, que estavam no boteco esperando o companheiro de trio, foram tomando todas.

Quando já estavam bem bebuns, e achando que o Inocêncio não viria mais, ele se apresentou vestido de mulher. Fez sucesso pro Feijó, que achou aquilo uma tremenda mulata e foi logo pagando cerveja. Mais encantado ainda ficou o Feijó quando aquela mulata pegou no surdo e mandou ver. O trio saiu. O Feijó todo preocupado com a mulata e alimentando ela com cerveja até a Glete. Aí, o Feijó resolveu partir com tudo. Se entortou. O Inocêncio tirou o turbante e se apresentou. O patuá do Feijó entortou. Mas o Inocêncio ganhou pra sempre o apelido de Mulata.

Mas a guerra se avacalhou. Não existe mais trio de couro, nem bloco de sujo, nem vai-quem-quer. Essas manifestações espontâneas do povo, que sempre a polícia tentou acabar sem conseguir, acabaram graças às promoções carnavalescas da Prefeitura. No lugar dessas coisas todas, a Prefeitura meteu o Trio Elétrico. A própria poluição sonora, que com guitarras elétricas e grandes aparelhos de som, esmagavam, apagavam qualquer instrumento de couro batido por um sambista. Alguns músicos defendiam essa jeringonça como mercado de trabalho, mas se esqueciam que um toca-fitas e uma Kombi faziam o mesmo efeito que esse trio elétrico. E esqueciam que faltava mercado de trabalho porque muitos bailes de Carnaval em São Paulo eram animados por toca-fitas e que a própria Prefeitura promovia um bailão pra quarenta mil pessoas, com toca-fitas.

São Paulo sempre teve muito carnaval. Mas hoje está tudo resumido no desfile das escolas de samba e nos bailes dos clubes. E isso tudo é muito triste. Porque o Carnaval sempre serviu pras manifestações espontâneas do povo. E tudo agora vai se resumindo num espetáculo pra atrair turista. Feito no gosto dos turistas e avaliados pelos padrões culturais das elites. E isso dói. Porque um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas jamais será um povo livre.

Hélio fez história, não bagunça, ele fez a primeira fantasia para brincar no carnaval escondido da mãe. Hélio Romão de Paula, o Hélio Bagunça, é parte da memória samba paulistano.

por Letícia Delamare

Foi em 1951, menino ainda, que Hélio Romão de Paula fez contato com o samba pela primeira vez. Escondido da mãe - "Eu não sabia qual era a opinião dela sobre festas desse tipo e achei melhor não perguntar", lembrava ele, com um sorriso ainda maroto, mais de meio século depois - fez uma fantasia com as cores do grupo e foi dançar no salão do Campos Elíseos, antigo cordão carnavalesco da Barra Funda, já desaparecido. Ele se recusa a dizer, ainda hoje, qual era, afinal, a opinião da mãe sobre o carnaval, o que faz supor que não fosse muito favorável. Qualquer que fosse ela, porém, Hélio nunca mais se afastou das rodas de samba das quais se tornou personagem histórico com o apelido de "Bagunça". Hélio Bagunça.

Bagunceiro o garoto Hélio certamente era. Tanto assim que dois anos depois daquele encontro inicial com o carnaval, ele já fazia outra traquinagem, participando do pequeno grupo de sambistas que, agrupados em torno de Inocêncio "Mulata" Tobias, recriou o antigo Grupo Carnavalesco Barra Funda, fechado desde 1939, agora com o nome de Cordão Carnavalesco Camisa Verde e Branco. Não era brincadeira para qualquer menino. Para impedir que estranhos invadissem as alas, atrapalhando os passistas, os cordões saíam protegidos por uma corda sustentada por jogadores de capoeira e "tiririca" que repeliam os penetras. Hélio sempre sambou perto das cordas. E o sucesso era tão grande que já no ano seguinte à refundação, o cordão ganharia o carnaval comemorativo do IV Centenário da cidade de São Paulo.

Hélio também estava presente quando, em meados dos anos 60, o Camisa Verde foi obrigado a ir desfilar na Bela Vista, território do arqui-rival Vai-Vai. Na época, os organizadores do carnaval costumavam marcar o desfile dos três maiores cordões da cidade - Camisa Verde, Fio de Ouro e Vai-Vai - para dias diferentes e ninguém podia prever o que aconteceria quando eles se encontravam. Mas mesmo assim, lá se foram Hélio e seus companheiros, arrastando alas, carros alegóricos e instrumentos da bateria para o Bexiga. O resultado?

- Foi um "fuzuê" - ele define com uma gargalhada.

Hélio lembrava com saudade e bom humor daqueles tempos heróicos do samba paulista. E com especial carinho de "Seu" Inocêncio - somente os muito íntimos, ou valentes, para chamá-lo de "Mulata" - e, principalmente de sua mulher, a "Tia Sinhá", espécie de anjo-da-guarda da garotada do cordão. "Ela estava sempre ali, tratando de assuntos bons e ruins, cuidando dos grandes e também dos moleques", lembra Hélio Bagunça. "Parece até que ela adivinhava. Várias vezes nós estávamos com uma fome danada e, de surpresa, ela fazia um jantarzinho para nós". Ou então se juntava às outras mulheres do cordão para, comandadas por uma cozinheira conhecida como "Dona Dulce", preparar um angu à baiana para ajudar a fazer caixa e pagar o tecido das fantasias. O sucesso era tão grande que até artistas, como Jair Rodrigues, e jogadores de futebol famosos apareciam para provar da ótima comida.

No Camisa Verde, Hélio conviveu com os grandes bambas da época, como Walter Gomes de Oliveira, o "Pato N'Água", valente e o melhor diretor de bateria da época, que foi do Vai-Vai e do Camisa Verde. Naqueles tempos, diretor de bateria que se prezasse controlava todos os músicos ao som de um apito. "Pato N'Água", querido pelas mulheres e respeitado pelos homens, não apenas dirigia a orquestra, determinando breques para os solos de instrumentos como fazia questão de "chamar" um breque total, quando tocava o Hino Nacional com o apito.

Memória do samba paulistano, Hélio já não faz mais bagunça. Nos últimos anos de vida ele acostumou-se a desfilar pelo Pólo - ele não gostava de chamar o Pólo Cultural e Esportivo Grande Otelo de sambódromo - ostentando o título de Cidadão Samba do Carnaval Paulistano. Se sua mãe soubesse qual seria o resultado daquela primeira travessura, certamente não ficaria zangada.

ESCOLA

A história do Camisa remonta a 1914, quando foi criado o "Grupo Carnavalesco Barra Funda", liderado por Dionísio Barbosa. Nesse grupo carnavalesco, os homens saíam pelas ruas do bairro da Barra Funda vestidos de camisas verdes e calças brancas. Durante o Estado Novo, os integrantes do Barra Funda foram confundidos com simpatizantes da Ação Integralista Brasileira, partido político de Plínio Salgado, e por isso perseguidos pela polícia de Getúlio Vargas, até deixarem de desfilar em 1936.

Depois de 17 anos, em 1953, Inocêncio Tobias, o Mulata, cria um movimento para reorganizar o antigo grupo carnavalesco, criando no dia 4 de setembro o Cordão Mocidade Camisa Verde e Branco. Logo no seu primeiro ano desfilando como cordão, o Camisa Verde vence o desfile de cordões, com o enredo IV Centenário; O Camisa ainda seria campeão como cordão mais quatro vezes: 1968; 1969; 1971 e 1972 (ano este em que os cordões já estavam em decadência com a popularização das escolas de samba) Depois do carnaval de 1972 o Camisa segue o caminho natural, tornando-se escola de samba com o fim do desfile de cordões, chegando ao primeiro título, como escola, em 1974.

Durante a época da Ditadura Militar, a escola tentou produzir um enredo sobre João Cândido, herói da Revolta da Chibata, porém esta proposta foi censurada pelos generais da época. Em 1980, Inocêncio Tobias, morre deixando a presidência do Camisa Verde nas mãos do seu filho Carlos Alberto Tobias, que dirige a escola apoiado pela esposa Magali e sua mãe Cacilda Costa, a Dona Sinhá (esposa de Inocêncio Tobias).

Oito anos depois, morre a Dona Sinhá, considerada uma das damas do samba paulistano, e dois anos depois, em 1990, também vem a falecer o presidente da escola. Sua mulher, Magali dos Santos assume a presidência, sendo campeã logo no seu primeiro ano à frente da diretoria. O Camisa Verde, que já havia sido campeão em 1974, 1975, 1976, 1977, 1979, 1989 e 1990, ainda vence o Grupo Especial depois disso em 1991 e 1993.

Porém em 1996, num ano em que a escola enfrenta problemas antes e depois do desfile, o Camisa termina em penúltimo lugar entre dez escolas e é rebaixado para o Grupo de acesso. Após contar na avenida um enredo patrocinado pela Coca-Cola, a escola vence e retorna ao Grupo Especial.

Em 2002, a Camisa Verde apresenta um grande desfile falando sobre o numero quatro e as místicas dele, terminando em um honroso 2º Lugar, perdendo o carnaval no quesito Enredo, para a sua afilhada Gaviões da Fiel. Talvez esse tenha sido a ultima alegria dos torcedores da Camisa, que após esse ano a escola não voltou mais ao desfile das campeões.

Em 2003, o Camisa Verde consegue apresentar na avenida o enredo que havia sido proibido pela ditadura, fazendo uma homenagem ao líder dos revoltosos marinheiros, e com um samba forte, termina em 6º lugar. O desfile contou com a participação inclusive do neto do marinheiro, que desfilou no último carro alegórico.

Em 2004, durante os 450 anos de São Paulo, a escola fez uma homenagem à Barra Funda, aproveitando para contar ao mesmo tempo a história da cidade, do seu bairro e da própria escola, que completava 50 anos desde que foi reorganizada em 1953. O refrão do Camisa Verde neste ano dizia: "Vem festejar vem brindar, amor / 50 anos de glórias, eu sou! / Vem batuqueiro e mete a mão no couro / Que a Barra Funda é jubileu de Ouro".

Em 2005, após um ano de muitas dificuldades, e com um samba que a princípio foi classificado pela crítica como fraco, o Camisa surpreende na avenida, a escola evolui bem e o samba cresce na avenida, tendo este sido considerado um grande desfile. Apesar disso a escola acaba em apenas 11º lugar. Em 2006, com muitos problemas e com um carnavalesco que abandonou o barracão faltando menos de 20 dias para o desfile, o Camisa Verde acaba na 13ª posição e cai para o Grupo de acesso. A escola, durante o ano, protestou contra uma nota 8,5 que foi dada para sua a bateria, sob a alegação dada pelo jurado de que "não teria ouvido os surdos". É preciso ressaltar que a bateria do Camisa Verde é conhecida como A Furiosa da Barra Funda, e considerada uma das melhores de São Paulo, e sem este 8,5 a escola teria se mantido no Especial.

Em 2007, o Camisa foi vice-campeão do Grupo de Acesso, voltando à elite do Carnaval Paulistano, porém sendo rebaixada novamente no ano seguinte. Em 2009, a escola desfilou um enredo pedindo a paz mundial, que acabou levando um quarto lugar, fazendo com que a escola permaneça por mais um ano no grupo de Acesso.

Infelizmente no carnaval de 2008 a escola foi rebaixada, se mantendo no acesso em 2009, mas com a tradicional garra e trabalho para voltarmos a elite do carnaval paulistano.

A.C.S.E.S.M Camisa Verde e Branco © 2014

UNIDOS DO PERUCHE

A Escola de Samba Unidos do Peruche surgiu na década de 50, a partir de um grupo de amigos militantes da escola de samba Lavapés. Nesta época, haviam muitos sambistas na região do Parque Peruche que desfilavam também em outras escolas como: Rosas Negras e Garotos do Itaim. Além de Cordões como: Campos Elíseos e Paulistano da Glória.

     Dentre os sambistas da Lavapés estava Carlos Alberto Caetano, conhecido como Carlão, que resolveu, junto com alguns amigos, fundar um bloco de foliões em seu bairro, Casa Verde. Com a união da comunidade que saia nas ruas arrecadando dinheiro para comprar instrumentos musicais nasceu a Sociedade Esportiva Recreativa Beneficente Unidos do Parque Peruche, em 1956, possuindo uma quadra para realização de seus ensaios, no local chamado "Terreio do Caqui".

     Os times de futebol da região como o Monte Azul, Ponte Preta do Morro e Estrela do Sul, ajudavam a escola emprestando seus instrumentos. Mesmo assim, eram insuficientes para o tamanho da Peruche, que crescia cada vez mais.

     Segundo Daguia, uma das pessoas que freqüenta o Peruche desde o seu início, a escola de samba tinha muitos integrantes do time em que ele jogava, o Monte Azul do Parque Peruche. "No começo era um cordão e desfilávamos na Av. São João".

     Em 1956 o Peruche começou a desfilar pela II Categoria, tendo aproximadamente 300 componentes. Em 1960 passou a desfilar pela I Categoria. De 1960 à 1963 foi vice-campeã e de 1965 à 1967 alcançou o título de Campeã do Carnaval, quando ainda não havia um desfile oficial e organizado em São Paulo.

     Até essa época, o Clube dos Lojistas da Lapa colaborava com a realização dos desfiles, mas a partir de 1967, quando a prefeitura oficializou os desfiles, perdeu o apoio do clube e começava a encontrar dificuldades.

     Nesse mesmo período, o Peruche começa a ensaiar na Rua Zilda, pois havia vendido seu terreno. Algum tempo depois, compraram um pequeno imóvel, situado na antiga Rua C. Sendo impossível ensaiar em um espaço tão pequeno, adquiriram um outro terreno no Morro do Chapéu que mais tarde foi vendido, para poderem adquirir o espaço onde hoje, se encontra a quadra da escola.

     O Peruche tornou-se vice-campeão de 1968 à 1971 e também em 1989 e 1990. Mas um dos desfiles que mais marcaram a escola foi o de 1988, quando a escola, numa apresentação luxuosa com carros alegóricos gigantescos, contou com dois grandes intérpretes puxando seu samba: Jamelão e Eliana de Lima. Mesmo com toda essa grandiosidade, a escola perdeu por apenas um ponto o título do Carnaval Paulista.

Mocidade Alegre

HISTÓRIA

Embora a fundação oficial da Mocidade Alegre tenha sido em 24 de setembro de 1967, sua história começa quase 20 anos antes. São seis décadas marcadas principalmente pelos fortes laços familiares entre seus integrantes e pelo reconhecimento, respeito e carinho por parte de sambistas de São Paulo e também de outras cidades. Essa é a história da minha, da sua, da nossa Mocidade Alegre, a Morada do Samba.

 

AS RAIZES

No Natal de 1948, chegava a São Paulo – procedente de Campos (RJ) – com um pequeno grupo de amigos, Juarez da Cruz, que em pouco tempo teria participação fundamental no desenvolvimento do Carnaval de São Paulo.

Em 1950 Juarez, seu irmão Salvador da Cruz e mais dois amigos resolveram sair no Carnaval vestidos de mulher. Saíram no sábado e só voltaram na Quarta-feira, para desespero de suas esposas e filhos. Nos anos seguintes o bloco foi aumentando, com a presença de outro irmão, Carlos.

Em 1958, o então prefeito Jânio Quadros iniciou um projeto de recuperação dos bondes e ônibus da capital, com forte publicidade, e os coletivos reformados passaram a circular com os dizeres “Primeiros Bondes Recuperados pela Prefeitura”. Os integrantes do Bloco, num ato de grande irreverência carnavalesca, clamavam pela reabertura dos prostíbulos do Bom Retiro – fechados oito anos antes pelo governador Lucas Nogueira Garcez – onde trabalhavam as “mariposas”. E o bloco saiu com o nome de Bloco das Primeiras Mariposas Recuperadas do Bom Retiro, bairro em que Juarez e seus amigos moravam. Esse é um dos reais motivos para a notória proibição das mulheres no bloco, embora a maior parte dos componentes fosse casada.

Por imposição de um dos componentes do grupo, que se recusou a sair fantasiado de mulher, no ano de 1963, eles saíram de palhaços e percorreram a Avenida São João, onde a Rádio América promovia o Carnaval de rua com exclusividade. Enquanto o bloco passava em frente ao palanque armado próximo ao Cine Paissandu, o locutor Evaristo de Carvalho disse em alto tom: "É um bloco muito alegre, um bloco de sujos, como existem muitos no Rio de Janeiro...”.

Ao sentarem na esquina da São João com Conselheiro Crispiniano, aquela frase não saía de suas cabeças. Estavam no meio-fio, descansando, quando resolveram dar um nome ao bloco. Entre muitas sugestões o escolhido foi Mocidade Alegre, já que ao se apresentarem eles evocaram na lembrança do locutor os melhores tempos do Bloco Carnavalesco Mocidade Louca, de Campos e "alegre" foi o adjetivo usado para apresentá-los ao povo.

Outra grande novidade no Bloco das Mariposas, no mágico desfile de 1963 foi a presença, pela primeira vez, de uma mulher: Neide, esposa do Sr. Salvador Cruz, vestiu a fantasia de palhaço e foi para a avenida.

Juarez da Cruz trabalhava no supermercado Peg Pag desde 1955. No ano de 1964, um dos diretores, o francês François Bellot, casado com uma norte-americana, solicitou a presença do bloco em sua residência no carnaval do ano seguinte.

Em 1965 o bloco, agora com a participação de esposas e filhos, saiu de gregos. Entusiasmados, Bellot sugeriu a Juarez que aumentasse o número de componentes do Bloco e se preparasse para desfilar em Santos, onde a secretaria de turismo preparava um Carnaval de rua organizado - o que não ocorria aqui em São Paulo.

A rede de supermercados colaboraria, solicitando aos seus fornecedores de aves que cedessem as penas, o tema escolhido era índios astecas.

A lavanderia da organização cuidaria dos sacos de aniagem, antes embalagens de batatas, e que agora serviriam para a confecção das tangas. Os funcionários do departamento de Promoção cuidariam dos desenhos das fantasias dos índios latino-americanos.

Em 1966, foi escolhida a fantasia de espantalho. Para a confecção das fantasias foram comprados cetins, tafetás e sedas, recortadas posteriormente em tiras. O dinheiro foi arrecadado a partir de um livro de ouro assinado pelos diretores e fornecedores do Peg Pag e da rifa de um carro. Mas, ao passarem perto dos componentes de uma escola de samba no Ibirapuera, numa promoção da Rádio Record, alguns ouviram um comentário nada delicado. Mais ou menos isso, entre espanto e total surpresa: "Que escola é esta! Toda esfarrapada. Que mau gosto..."

A Questão é que os autores da maledicência não sabiam diferenciar uma escola de um bloco. E que os tais "farrapos" tinham custado mais caro do que suas pretensas luxuosas fantasias. Desde seu início, a Mocidade Alegre provocou os mais diferentes comentários, assim ocorreu em 1966, quando Phillipe Aladin, presidente do Supermercado Peg Pag, convidou o grupo para uma festa em sua residência. Os funcionários que não desfilavam no bloco dividiram-se em duas correntes, uma chamava os componentes de "puxa-saco" outra que criticava o presidente por ter recebido em sua casa um bando de "negros pinguços".

Em 1967, o tema escolhido foi “Romanos”: os homens vestidos de gladiadores, com fantasias de pele de carneiros; e as mulheres tranças de damascos na cabeça.

A OFICIALIZAÇÃO

A Federação das Escolas de Samba de São Paulo surgiu em meados de 1967, época em que o jornalista Moraes Sarmento convocou todas as escolas, blocos e cordões carnavalescos para organizarem o carnaval de 1968. As reuniões ocorriam no Paulistano, na Rua da Glória. Tendo como base o estatuto dos Acadêmicos do Peruche, foi feito o da Mocidade, que em 24 de setembro de 1967 se transformou em Grêmio Recreativo Mocidade Alegre, tendo como primeiro presidente o Sr. Juarez da Cruz. Além de Juarez, também participaram da fundação seus irmãos Salvador e Carlos Augusto, Ademar Nunes, Ailton de Paula (Gordo), Antonio Ciullada e José Maria do Nascimento.

Também foi fundamental, nessa fase, a participação do casal Mingo e Olga - esta viria a ser porta-bandeira da agremiação, Nely – por muitos anos a secretária da escola – e Laila Cruz, que era irmã de Juarez, Carlos e Salvador e esposa do fundador Antonio Ciullada.

A escolha das cores oficiais teve que obedecer a uma convenção de que seria uma combinação original, diferente das já existentes nas agremiações da cidade. Pedro Tambellini sugeriu o vermelho e o verde, cores complementares que permitem uma grande gama de tons dégradés; como símbolo da escola, criou-se um desenho de tradução literal: um casal de jovens (“mocidade”) tocando e dançando (“alegres”). O pavilhão oficial da agremiação foi defendido até o momento por apenas sete porta-bandeiras: Vera (1967 a 1969), Olga (1970 a 1977), Eneidir (1978 a 1981), Sônia (1982 a 2002), Adriana (2003 a 2012) e Karina (desde 2013) – todas elas bailarinas incomparáveis, que construíram a tradição da Morada do Samba de trazer sempre grandes porta-bandeiras. De todos os casais de mestre-sala e porta-bandeira que protagonizaram essa tradição, um marcou profundamente a identidade deste quesito no carnaval paulistano: Murilo (que recebeu o título de “O Bailarino”) e Sônia. A graça e a elegância desse casal tornaram-se uma referência – até os dias atuais – para diversos casais de todas as agremiações.

Para o Carnaval de 1968, o tema escolhido foi "Índios do Brasil". Como havia 180 componentes, mas todos pobres, o único recurso foi apelar mais uma vez para a direção do Peg Pag. Valeu a pena. Havia um carro alegórico representando as selvas brasileiras com uma cascata mantida a partir de um tanque d'água, movida por uma bomba a gasolina. Faróis de milha iluminavam tudo. A Mocidade estava pronta para desfilar às 21h.

Quando acabaram de chegar próximo ao Lord Hotel, Juarez foi procurado pelos componentes da Federação, que expuseram o problema: o Rei Momo que deveria abrir o desfile num carro dos bombeiros se atrasou e o carro já havia passado. Ele não poderia descer a avenida a pé, afinal era rei.

As crianças, representado os curumins, foram retiradas da plataforma e substituídas pelos quase 200 quilos do Rei Momo. O peso foi tão desproporcional que o motor deixou de funcionar, e com ele a cascata de águas límpidas. Terminada a apuração veio o resultado: Mocidade Alegre em 5º lugar, penúltima escola.

Naquela época os ensaios eram realizados nas ruas de Vila Mariana. Os quietos moradores denunciaram várias vezes os componentes a policia, dizendo serem marginais. O jeito foi transferir os ensaios para um terreno vago na Pompéia de propriedade do Peg e Pag, onde aos domingos se jogava futebol pela manhã, churrasco à tarde e à noite, os ensaios.

O batuque atraia aos poucos os grandes nomes do samba de São Paulo, que foram chegando e transmitindo conhecimentos, Dráusio da Cruz, da Escola de Samba Império do Samba de Santos, começou a ensaiar os passistas e ritmistas. Estreitando os laços entre as escolas, e a Mocidade Alegre ganhava assim a sua nobre madrinha.

Neste ano, 1969, o tema escolhido foi “Na Corte de Nero”. A Mocidade Alegre ganhou o primeiro lugar. Passou assim para o segundo grupo, transformando-se de bloco carnavalesco em escola de samba.

 

A MORADA DO SAMBA

Morada do Samba, tradicional sede e quadra de ensaios da Mocidade Alegre, foi inaugurada no dia 17 de Julho de 1970 na Avenida Casa Verde, em um terreno onde antes funcionou um ferro-velho. O termo “Morada do Samba” foi criado por um integrante da escola chamado Argeu e sintetizava os principais objetivos da diretoria comandada por Juarez: abrir as portas da Mocidade para qualquer sambista, de qualquer co-irmã, qualquer pavilhão...um lugar para o sambista se sentir em casa.

Para levar a cabo essas intenções, Juarez contou com a colaboração do carnavalesco carioca Edson Machado, do paulistano Eduardo Nascimento e do santista J. Muniz Jr. Era o “trio de ouro”, que fez fortes intercâmbios e trouxe para a Mocidade Alegre relacionamentos estreitos com sambistas do Rio de Janeiro e de Santos. O portelense Candeia foi presidente de honra da ala dos Compositores da Morada por muitos anos, e o troféu que leva seu nome ainda hoje é oferecido aos sambas-enredo campeões. O intercâmbio com a Portela ia além, com outros compositores e diretores de harmonia que vinham do Rio de Janeiro para desfilar com a Mocidade Alegre.

Outros sambistas de renome protagonizaram os inúmeros encontros de sambistas que se deram na Morada do Samba: Jangada, Odair Fala Macio, Caveirinha, Souzinha, Marco Antônio e Sr. Beto. Este último teve participação fundamental na construção da Morada do Samba, que foi feita em regime de mutirão: Alberto Alves dos Santos (Sr. Beto, pedreiro por profissão), já tinha vivência no samba paulistano (foi um dos fundadores do Império do Cambuci). Ao ver as filhas de Juarez e Carlos com os pés atolados na lama, Seu Beto emocionou-se, resolveu aderir ao mutirão. Trabalhou de graça, por amor ao samba e desde então passou a dedicar-se somente à Mocidade Alegre.

 O presidente Juarez criou, em 1972, o evento 24 Horas de Samba para comemorar os cinco anos de fundação da Mocidade Alegre. Notadamente, é um dos mais famosos aniversários de escola de samba do país, tendo como principal característica a confraternização entre escolas de samba de São Paulo e do Rio de Janeiro. Outros grandes eventos passaram a ser promovidos na quadra, tornando-se tradicionais: Terreirão do Samba, Eleição da Pantera Negra, Uma Noite na África, Uma Noite na Bahia e a Noite da Imprensa (esta última a mais concorrida: um mini-desfile com todas as fantasias que iriam para a avenida eram mostradas aos profissionais do rádio, da TV e dos jornais).

 

A RÁPIDA ASCENÇÃO

A Mocidade Alegre conseguiu a proeza de ser tricampeã do carnaval paulistano logo após subir para o grupo principal. Em 1970, venceu o Segundo Grupo e, nos anos seguintes, já promovida ao Grupo de Elite, foi tricampeã em 1971, 1972 e 1973.

O sucesso desse tricampeonato gerou forte impacto na estrutura do carnaval paulistano, que passou a centralizar sua visibilidade no desfile das escolas de samba. Com isso, os três últimos cordões remanescentes – Vai-Vai, Fio de Ouro e Camisa Verde e Branco – resolveram transformar-se, também, em escolas de samba.

A Mocidade foi a primeira escola paulistana a introduzir destaques sobre os carros alegóricos, adereços de mão e alas coreografadas. A Morada do Samba também teve a honra de ser a primeira escola de samba a ser convidada pelo Ministério da Cultura a representar o samba paulistano na Europa, viajando para a Ilha da Madeira.

A preocupação com a cultura também foi uma das características mais fortes da Mocidade logo nos primeiros anos. Tanto a difusão da cultura sambística para fora da escola como a absorção de repertórios culturais externos para enriquecimento intelectual da comunidade. Foi na década de 70 que foi implantado o Departamento Cultural, que teve no professor Ivo Rodrigues uma de suas figuras mais emblemáticas. Grande número de homenagens e condecorações registram as diversas ações de diálogo da popular cultura do samba com o meio acadêmico que passaram a acontecer, com o desenvolvimento de enredos com profundo teor erudito – como Gamboa de Cima, Genaro de Carvalho (1974) e Procópio Ferreira, a Vida no Palco (1977) – este último contou, em seus preparativos, com uma inusitada apresentação da Mocidade Alegre no Teatro Municipal de São Paulo, fechando um espetáculo em tributo ao grande ator e dramaturgo. Ultimamente, o Departamento Cultural também tem sido frequentemente requisitado para acompanhamento de trabalhos, dissertações e teses, mostrando um grande movimento de redescoberta da cultura popular pelo meio acadêmico.

No início dos anos 70 a Escola manteve a tradição de apresentar enredos sobre São Paulo. No final da década de 70 e início dos 80 predominaram temas relacionados à cultura negra, marca que até hoje se faz presente no imaginário de seus sambistas, sejam os mais tradicionais ou os mais jovens.

 

A MINHA, A SUA, A NOSSA MOCIDADE

Entre o campeonato de 1980 (Embaixadas de Sonho e Bamba – A Festa do povo) e o de 2004 (Do Além-Mar à Terra da Garoa, Salve essa Gente Boa!) foram 23 anos de ostracismo. Mas isso não significou que a Mocidade não tenha chegado perto desses títulos: foi vice-campeã em 1981, 1988 e 2003. E chegou ao terceiro lugar em 1993, 1996 e 2000.

O carnaval transformava-se ano após ano, mostrando-se cada vez mais competitivo. E a escola também foi se transformando: sambistas de muito talento foram para outras agremiações, outros de fora chegaram para dar sua contribuição. Mas a grande característica da Mocidade, a de formar sambistas, continuou predominante.

Dois carnavais marcaram profundamente a história da escola neste período: o de 1987 e o de 1988. Em 1987, ao homenagear o radialista Moraes Sarmento, a Mocidade fez uma justiça com a história de um homem que sempre defendeu a cultura popular e teve importante participação na oficialização dos desfiles das escolas de samba de São Paulo, junto ao prefeito Faria Lima. Um desfile marcado pela suntuosidade e pela renovação do conceito de fantasia e de alegoria.

Já em 1988, outro carnaval histórico. Desta vez homenageando o cientista e poeta Paulo Vanzolini. Figura querida tanto no meio artístico quanto no meio acadêmico, Vanzolini era diretor do Museu de Zoologia da USP e autor de músicas antológicas como Ronda, Juízo Final e Volta por Cima. O desfile rendeu à Morada do Samba um honroso vice-campeonato.

Em 1989, foi criada a Velha Guarda, batizada pelo próprio presidente e embaixador do samba Juarez da Cruz.

 

RENASCENDO PARA UM NOVO DIA

Em 1992, o presidente Juarez da Cruz passou o cargo para seu irmão, Carlos Augusto Cruz Bichara. Durante a gestão do Sr. Carlos foi criado o Grupo Miscigenação, com a intenção de produzir shows temáticos para apresentações em empresas, eventos e turismo receptivo.

O presidente Carlos Augusto Cruz Bichara faleceu em 1998, sendo substituído pela sua filha Elaine Cristina. O processo de retomada do crescimento da escola continuava: o Departamento de Eventos, o Departamento Jovem e a bateria, agora já conhecida pelo nome de “Ritmo Puro” passaram a ter forte atuação e mobilizaram um grande número de jovens na comunidade. Houve mudanças significativas na produção artística visual também: um grande número de artistas amazonenses, formados no Festival Folclórico de Parintins, passou a atuar no barracão, revolucionando as alegorias.

A “Lei do Psiu” fez com que, em 2001, as eliminatórias e ensaios passassem a acontecer nas tardes de domingo, o que só fez aumentar a característica de ambiente familiar que marca a escola.

O vice-campeonato de 2003 (Omi-Água, Berço da Civilização Yorubá) foi festejado como se fosse um campeonato. Era a coroação de um trabalho árduo e dedicado de sambistas apaixonados após anos de experimentações, acertos e erros.

 

A VITÓRIA VEM DA LUTA... A LUTA VEM DA FORÇA... E A FORÇA, DA UNIÃO!

Uma onda de otimismo e resgate da autoestima dominava os diversos segmentos da escola logo após o vice-campeonato de 2003. A presidente Elaine afastou-se do cargo para cuidar de problemas de saúde e empossou a então vice-presidente, sua irmã Solange Cruz Bichara Rezende.

Enfrentando dificuldades financeiras, Solange iniciou sua gestão canalizando sua forte personalidade e a empolgação dos diversos segmentos em pról da qualidade máxima em todos os quesitos. O trabalho incansável e persistente da nova diretoria resultou em um antológico campeonato já em seu primeiro carnaval (2004), com o enredo Do Além-mar à Terra da Garoa, Salve Essa Gente Boa. A Cidade de São Paulo comemorava seus 450 anos e a Morada do Samba finalmente fez-se campeã, depois de um jejum de 23 anos.

A criatividade, a poesia e a emoção superaram a falta de luxo dos primeiros carnavais desta gestão.

No campo da responsabilidade social, os projetos sócio-culturais foram multiplicados e reforçados, através de parcerias consistentes. As oficinas, que a princípio eram apenas de formação de sambistas, passaram também a oferecer formação profissional, e transformaram a Morada do Samba em um verdadeirocampus.

Em 2005, com o enredo Clara Claridade, Um Canto de Luz no Ilê da Mocidade a agremiação ficou em terceiro lugar. Mesma colocação conquistada no ano seguinte, com o enredo Das Lágrimas de Iaty surge o Rio, do Imaginário Indígena a Saga de Opara. Para os Olhos do Mundo um Símbolo de Integração Nacional: Rio São Francisco. Este período foi marcado por um grande investimento no turismo receptivo na escola, com formação técnica de diversos integrantes, e melhorias estruturais na quadra – como a construção de camarotes e obras de acessibilidade para portadores de necessidades especiais.

O sexto campeonato da escola veio em 2007 com o enredo Posso ser Inocente, Debochado e Irreverente. Afinal, sou o Riso dessa Gente. Mais um campeonato conquistado com pouco luxo, mas com muita vibração e disciplina. Logo após o carnaval, foi reativado o Departamento Cultural, que imediatamente começou a planejar os festejos de 40 anos de fundação e o desenvolvimento dos enredos para os carnavais seguintes.

O carnaval de 2008 foi um verdadeiro divisor de águas, com visível modernização na concepção visual da escola e grande credibilidade de parceiros comerciais e culturais. Com o enredo Seja Bem-Vindo a São Paulo, Sabe Por Quê? Porque São Paulo é Tudo de Bom! a escola obteve a mesma pontuação que a campeã Vai-Vai, mas terminou em segundo lugar devido ao critério de desempate.

Um carnaval nunca é igual ao outro. E mudanças são sempre necessárias: para 2009, a figura do carnavalesco foi substituída por uma Comissão de Carnaval. O enredo Da Chama da Razão ao Palco das Emoções, Sou Máquina, Sou Vida, Sou Coração Pulsando Forte na Avenida foi mais que compreendido e interpretado pelos sambistas da Morada, que conquistaram o sétimo campeonato. Em pleno anúncio do campeonato, o presidente de Honra Juarez da Cruz passou mal, vindo a falecer uma semana depois.

A comoção com a partida do Baluarte-Mór dominou a comunidade, que não descansou após o carnaval e começou cedo a trabalhar para 2010. O enredo Da Criação do Universo ao Sonho Eterno do Criador... Eu Sou Espelho e Me Espelho em Quem me Criou!!! Durante os preparativos para esse luxuoso carnaval, foi criado o Departamento de Marketing e a Mocidade Alegre recebeu o Premio Top Qualidade do Brasil. O desfile emocionante fez com que a Morada do Samba recebesse a maior somatória de notas dos jurados. Mas havia o descarte de notas, que resultou em um honroso segundo lugar.

Para 2011, a Morada do Samba preparou o belíssimo enredo “Carrossel das Ilusões”. O luxuoso desfile foi prejudicado pela quebra, ainda na concentração, do carro alegórico que representava o cinema em terceira dimensão. A falta da alegoria no desfile foi motivo de notas baixas no quesito Enredo, deixando a escola em sétimo lugar na apuração.

O enredo escolhido para o carnaval 2012 – “Ojuobá – No Céu, os Olhos do Rei. Na Terra, a Morada dos Milagres. No Coração... um Obá Muito Amado” – fez um tributo ao centenário de Jorge Amado através de seu livro preferido (Tenda dos Milagres). Faltando pouco mais de um mês para o desfile, um incêndio de grandes proporções atingiu o barracão, não deixando feridos. A comunidade uniu-se à diretoria em mutirão, para que todo o projeto de carnaval fosse cumprido. A garra e a união resultaram em um belíssimo desfile, campeão, marcando o oitavo título da escola.

O desafio para 2013 foi conquistar o bicampeonato, que não vinha desde 1972. O irreverente enredo “A Sedução me Fez Provar, me Entregar à Tentação...Da Versão Original, Qual Será o Final?” tratou os pecados capitais como uma redenção, inventou novos fins para velhas histórias e sonhou com um futuro de paz entre os povos. Os grupos cênicos foram à tônica de um desfile vibrante que levantou as arquibancadas e mais uma vez credenciou a Escola do Limão entre as favoritas. O bicampeonato só foi confirmado na última nota e a comemoração, na Quadra social, marcou o último evento da Mocidade Alegre naquele endereço, um verdadeiro divisor de águas na história da escola que está a mais tempo desfilando, ininterruptamente, no Grupo Especial (desde 1971) e já soma nove campeonatos.

 

FAZENDO O SONHO ACONTECER

No início dessa nova fase desafios se seguem, motivando a agremiação que no momento busca construir uma sede própria, definitiva e à altura da grandeza que sua comunidade atingiu.

Ainda celebrando a conquista do bicampeonato, a Mocidade Alegre continua atenta organização de seus segmentos. Além da responsabilidade social, é também notória a responsabilidade administrativa, financeira, jurídica, contábil, cultural e artística, com grande integração entre os integrantes militantes e os profissionais da casa. Outra integração fundamental ocorre entre a tradição e a modernidade, visto que a escola precisa estar atenta às novas necessidades do carnaval, a cada ano mais arrojado, mas sem jamais perder o referencial de suas tradições, suas raízes e, principalmente, de sua identidade.

O compromisso de disputar o campeonato todas as vezes em que entrar na avenida marcam a atual realidade da Mocidade Alegre, que apesar de todas as mudanças não se desprendeu de seu objetivo maior, plantado há quatro décadas por seu fundador: ser aMorada do Sambaum espaço onde qualquer sambista, de qualquer agremiação, possa se sentir em casa.

FONTE SITE MOCIDADE ALEGRE